Esta é a derradeira deste ano esbulhado pelas mais profundas perdas. O ano termina e com ele o sentido de moralidade, que denotou-se covardemente sucumbido frente ao falso moralismo em seu sentido mais lato, que se tocou antes aos que nos tutelam, mas legitimou-se na complacência, no comprazimento dos que são tutelados. "Nunca antes na história deste país", precipuamente na era pseudodemocrática, pós-ditadura militar, conviveu-se com tantos e estrondosos escândalos éticos-financeiros, onde o poder do crime encontrou seu maior e melhor sentido unívoco, sua inescrupulosa alma gêmea nos crimes do poder. Percebemo-nos controlados por corporativismos lameados por seus fins representativos do poder central submergindo-nos como uma sociedade omissa, covarde e alienada, preparada para descultura, apta para não discernir os valores mais primários dos que por necessidade convivem em estado gregário.
Pensei em aduzir, em sendo este o último post do ano, uma retrospectiva dos diversos pontos que marcaram este período. Resolvi porém abortar referido ideário desmotivado por falar para poucos que se desimbecilizaram e ser categoricamente ignorado pela manada capaz de apreciar a singela beleza desestruturada de um cocô como obra de arte... Construindo uma porca analogia, faltou poder de vidência ao não se profetizar por ocasião do surgimento da bossa-nova, escorraçada pela simplória sociedade brasileira, para ser amada na América e na Europa, enquanto batiamos palmas para a Jovem Guarda, que subia enfezada cantando pneu em um pobre e cafona fuscão preto, que o Brasil um dia aplaudiria um governante desestruturado como um coco, que seria visto como obra de arte... Era um mau cheiroso sinal...
Optei por findar este melancólico, portanto, com um assunto que provavelmente repercutirá não como "marolinha", como na visão cagada deste que aplaudem, mas sim como tsunami das maiores e menores economias mundiais nos próximos anos, assunto sobejadamente contemporâneo e que se fez tratar com suficiente amplitude aqui mosaico de lama, e que por esta razão escolhemos como despedida deste fatídico ano, a crise econômico-financeira mundial.
Costumeiro usar o termo “contágio” para descrever o processo pelo qual sucessivamente as diversas economias vão se contaminando por força de expectativas negativas e por culpa da falência do sistema internacional de crédito. Mas “contágio” sugere que seria possível evitar a “doença”, desde que a potencial vítima lograsse manter-se isolada do foco de infecção (no caso, a economia norte-americana).
É a mais pura falácia , e das perigosas, que alienam da realidade, pois ofusca o que deveria ser perpetrado e retarda a adoção de medidas de defesa. Um exemplo recente de como uma recessão de proporções internacionais afetou inclusive os participantes de um sistema que se considerava rival ao capitalismo? Os choques do petróleo de 1973 e 1979, que tantos danos trouxeram às economias ocidentais, devastaram também as trocas comerciais dos países da órbita soviética com o mundo capitalista.
A enganosa ilusão de que aquele grupo de países poderia viver de maneira concentrada e independente foi rapidamente limada. Polônia, por exemplo, foi tomar dinheiro emprestado de banqueiros ocidentais. Alemanha Oriental, quis desenvolver o próprio chio de processamento, investindo o pouco que tinham numa corrida perdida. A implosão do bloco socialista teve como uma de suas causas mais profundas a incapacidade daquele sistema de competir no cenário global.
Essa digressão pela história recente serve apenas para alertar ao fato de que podemos desprezar a noção de desacoplamento, de individualidade. Em uma mundo corporativo, quanto mais avançado e competitivo é um sistema econômico nacional, mais ele será afetado pela crise. Portanto, é o Brasil exportador, inovador e conectado com a economia global, que enfrentará as piores conseqüências e provas, já o Brasil excluído continuará atolado na merda e se tornará presa ainda mais servil de populistas sociopatas e oportunistas. Porém, é esse Brasil moderno que que vem procurando dar certo, o industrial, do agrobusiness, dos competitivos exportadores de commodities minerais, que garantiu nossa "prosperidade" até o momento que conhecerão a força destruidora de uma "marolinha"...
“Schadenfreude”, é uma palavra alemã, que conquistou a imprensa anglo-saxã e vem a significar em português alegria pela desgraça alheia. O “New York Times” destacou o fato de que muitos governantes latrino americanos, entre eles Chávez, Morales, Correa e Lula, deixaram-se levar em suas ignorâncias pela “schadenfreude” em relação à crise nos Estados Unidos. Agora porém, estão deixando-se levar pelo pavor, ainda que hiopocritamente desmentido publicamente...
Crises da magnitude da atual não conhecem limites fronteiriços ideológicos e nem respeitam esse senso de “justiça histórica”, pura estupidez retórica. Crises possui um aspecto tenebroso: elas tornam evidentes sobretudo as vulnerabilidades dos participantes da economia globalizada...
Podem apostar que a crise internacional nos cobrará aquilo que não soubemos ou não quisemos fazer quando a boa maré da economia mundial nos favorecia: reforma tributária, reforma política, melhor educação e saúde, investimento pesado em infraestrutura, em outras palavras, tudo aquilo que aumenta o custo Brasil e impede que o País possa ser mais competitivo e não encolha. E não é consolo algum, para ninguém, dizer que a culpa é do outro senão tivemos competência, ética e vontade política de olharmos para o nosso próprio umbigo podre...
Esclarecimento:
Nota final: Este post extremamente estafante e cansativo foi feito sem paciência, mas direcionado a sociedade, a classe política e ao ano de 2008. Aos que tiveram o discernimento e sagacidade para Lê-lo até seu findar, parabéns, vc tem estômago para viver em um país como o Brasil. Aos que não conseguiram por não compreendê-lo demonstram estar inseridos no sistema da abstinência cultural, aos que não conseguiram pela chatice do post provavelmente devem constituir mais alguns omissos sociais, que na primeira dificuldade que o sistema lhes apresentem desistem...
UMA BELÍSSIMA ENTRADA DE ANO À TODOS, E NA HORA DA VIRADA DÊEM UM FODA-SE AOS PROBLEMAS E CHUTEM O BALDE COM FORÇA, MAS CUIDADO COM O DESTINO DE SEUS SAPATOS, SAPATO NA CABEÇA ERRADA DÁ CADEIA...
NAMASTÊ!
NAMASTÊ!
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