Acompanho estupefato uma omissão generalizada. Omissão do poder público, da empresa norte-americana e da imprensa brasileira... Ocorre até o presente momento um silêncio eloquente, uma opacidade informativa no mínimo causadora de sensível estranheza...
Os meios de comunicação, a ANP e os órgãos ambientais, das duas uma: Ou conluiam em uma mesma direção no sentido da mais completa desinformação social por interesses que definitivamente não são públicos ou simplesmente foram tomados pela apatia da auto-desinformação, esta hipótese acredito mais remota, mas de gravidade semelhante...
Completada uma semana desde que veio a público o derrame de petróleo da empresa Chevron no Campo de Frade, na Bacia de Campos, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) finalmente se pronunciou e estima que o vazamento possa chegar a mais de 330 barris, ou mais de 50 mil litros de petróleo a cada 24 horas. O campo é operado pela Chevron, com 51,7% de participação em sociedade de 30% com a Pretrobras e o restante do consórcio Frade Japão Petróleo.
Primeiro vazamento desse tipo no Brasil, o acidente reproduz a história do Golfo do México, segundo especialista. Por sinal, a plataforma SEDOC 706, que perfura os três poços da Chevron de onde saiu o vazamento, é da mesma empresa que operava com a BP no triste episódio mexicano, a Transocean, curioso, não?
A área da mancha de óleo avistada em alto-mar, e que já foi avistada pelos satélites da NASA, foi estimada pela Chevron no último domingo em 163 quilômetros quadrados. No entanto, após ver as imagens divulgadas pela Nasa, o geógrafo John Amos, diretor do site SkyTruth, especializado em interpretação de fotos de satélites com fins ambientais, concluiu que o derrame pode chegar a 3.738 barris por dia, mais de dez vezes o que a ANP afirmou, curioso, não?
A causa ainda não foi divulgada e não se sabe ao certo se é ou não conhecida. A Chevron declara que o vazamento é resultado de uma falha natural na superfície do fundo do mar, e não no poço de produção no campo de Frade. Curioso que citada falha natural não aparece no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O que pode ter ocorrido em Frade para a dita ‘falha natural’ começar a jorrar petróleo? Onde estaria o EIA de Frade? Onde estaria a transparência?
Interessante acentuar, que a ANP classificou antes da divulgação das imagens da NASA em pequenas notas na imprensa, que o vazamento seria de ínfima proporção... Seriam gotínhas em meio ao oceano? Não é exatamente o que a NASA mostrou via satélite...
Interessante notar que os vazamentos ocorridos com a Petrobras e de menor monta costumam produzir barulhos bem mais eloquentes. E qual seria o mistério deste silêncio geral inexplicável? Razões de ordem política? Acredito que sim... Chevron, uma empresa norte-americana, exploração de petróleo em mares tupiniquins, ligações explosivas para demonstrações de nacionalismo ufanista, não?
Não é de hoje que empresas norte-americanas estão de olho gordo no pré-sal... "Corre à boca pequena" que estas mesmas empresas são extremamente "caridosas" com certo setor da política tupiniquim e com nossa imprensa... Estaria aí um motivo que poderia elucidar o "Mistério do silêncio eloquente"? Daria uma bela trama banhada de uma bilheteria repleta de dólares, não?
Circula que a Chevron estaria utilizando o que se chama “perfuração de batelada”, onde não se perfura o poço de uma só vez, utiliza-se a mesma sonda para vários poços – no caso, três – para dar andamento ao trabalho de forma concomitante. Isso geraria instabilidade no poço por manter trabalho incompleto em cada um deles, já que a perfuração é feita por etapas e pára-se o trabalho de tempo em tempo para se avançar em outro poço. Como diria um amigo: Babado forte esse, hein?
Não paremos por aí. Há uma outra versão não menos inebriante: que a empresa estaria fazendo perfuração em profundidades típicas de pré-sal, até onde se sabe, sem ter tecnologia suficiente para tal. Uma atividade de risco como esta sendo praticada sem os cuidados tecnológicos necessários é no mínimo temerária... Estaria o governo conivente com este tipo exploração de auto risco? Mistéééério...
Uma notícia não muito boa para sociedade tupiniquim é o comportamento da Chevron em teritórios por onde passou. De 1964 a 1990, a Texaco, pertencente a Chevron, despejou bilhões de galões de lixo toxico na Amazônia Equatoriana e de lá simplesmente sumiu... Mais de 650 mil barris de resíduos tóxicos (metais pesados provenientes da exploração de petróleo) foram despejados nos bosques e rios com várias etnias de indígenas correndo perigo de extermínio na região. A Chevron tem se utilizado de seu poderoso lobby para a manutenção do silêncio e para esquivar-se de suas responsabilidades pelos desastres humanos e ambientais em várias regiões do planeta, precipuamente nos países de 3º mundo... É com a Chevron que o governo brasileiro vem contratando para a exploração de nossas bacias petrolíferas... Por que será?
Há inclusive informações de que 18 navios já trabalham na contenção do vazamento em Campos, esta no entanto é a notícia publicada na imprensa. A notícia de fato é que seriam navios fantasmas sem nomes, comandantes ou tripulações... Estraaaanho...
Para findar uma lembrança palpitante: Com os riscos que correm os estados produtores de petróleo, seria justo o esvaziamento de seus royalties? Parece que realmente há uma outra questão política por detrás deste silêêêncio...
ATENÇÃO: Como fundamentar a exploração de petróleo no "PARQUE NACIONAL MARINHO DE ABRÓLHOS?" Vale lembrar que falo da região de maior diversidade do Atlântico Sul...
Pelo andar da carruagem o discurso de se perpetrar pelo caminho do desenvolvimento sustentável ou fica só no discurso ou cede definitivamente aos interesses "ideológicos" do grande capital...
Sem mais...
Atualizando:
A Chevron foi multada até o momento pelo IBAMA no valor de R$ 50.000000, 00 (cinquenta milhões de reais), valor que não provoca nem cosquinhas se comparado ao faturamento mensal da Chevron, mas é a multa máxima permitida pelo nosso ordenamento... Outras multas devem ser aplicadas e estíma-se que o valor pode alcançar R$ 260.000000, 00 (duzentos e sessenta milhões de reais), uma cosquinha um pouco maior... Ação civil pública será proposta ou pelo MP ou pelo IBAMA... As sanções administrativas serão aplicadas, cosquinhas serão feitas; resta-se aguardar as sanções penais e a reparação dos danos ambientais, que se dará pela competente ACP.
Contra Transocean, responsável pela sonda que perfurou o poço, nada se pode fazer de efetivo, já que é contratada da Chevron, esta sim a responsável detentora da concessão estatal. O grande problema é que a Transocean se aventura com suas sondas destruidoras em outros poços, inclusive na bacia de campos, e vale lembrar, foi esta a empresa, através de suas sondas, a responsável pelo gigantesco vazamento do Golfo do México... As baleias e golfinhos que estão na rota das cagadas humanas que sofrerão o prejuízo "transocean"... Descuidou-se dos princípios da prevenção e da precaução, restando a reparação como forma não ideal de uma política fedida...
A questão política ficou patente. De início tentou-se o plano 1, o caminho sempre preferido da ausência de transparência... Vazou e se espalhou nos meios de comunicação alternativos como este que vos fala, passou-se aí para o plano 2, o caminho de início costumeiramente preterido, mas agora necessário como resposta à sociedade global às cagadas que se fez ao se contratar sem as devidas exigências técnicas e de políticas emergenciais... E em se considerando tratar-se de uma empresa norte-americana, certo é que a resposta no âmbito governamental é de escorreita consecução prática-ideológica, o que facilitará de agora em diante as devidas apurações de responsabilidades com uma mão mais pesada do que se fosse uma empresa pertencente a um país de regime ditatorial... Por isso, funcionários Chevron/Brasil, coloquem suas barbas de molho, pois na melhor das hipóteses a PL estará bastante prejudicada; a pior? Bem, esta prefiro poupá-los e não comentar...