Um comentário no post que intitulei "Esquetes(...)", motivou-me a respondê-lo não nos comentários, mas na forma de post, a fim de propiciar aos leitores deste espaço que tenham a real ideia da linha de pensamento deste que vos fala, e não caiam no engodo literário de palavras que possam a primeira vista ter a "nobreza" como orientação, pois vejamos:
Caro Igor Henrique, primeiramente, grato pela participação, ainda que discordante.
Sua manifestação escrita qualificaria-a como contaminada pelo que chamo de "o germe do populismo político obtuso". Sua análise não se atém ao que faticamente se expôs no texto à que se refere. Foram colacionadas críticas ora de situação pontuais que o texto não se propôs a tratar, ora de enganos conceituais intrínsecos de sua leitura, ora utopias faticamente inatingíveis como forma de fundamentar suas contraposições...
Quando seu comentário sugere a discordância do afastamento do Estado do tratamento de seus dependentes químicos (drogados) eu lhe digo que em momento algum explanei nesse sentido... Primeiramente o texto remete o leitor a outro texto por mim postado que trata do assunto "drogas" em uma outra ótica, onde abordo as diferentes linha e "prego" a minha. Neste, que replico seu comentário, trato das drogas em geral, uma acepção que deve ser lida com as diferenças pertinentes. Um ponto no entanto converge: o usuário de qualquer entorpecente hoje sofre uma reprimenda praticamente inexistente com a nova legislação; legislação essa, que cedeu aos apelos de nossas realidades fáticas de falência de nosso sistema prisional, optando por equalizar sua política de reprimir apenas os crime não considerados de pequeno potencial ofensivo com reclusão. Com isso, alargou-se as facilidades do uso de drogas e sua potencialidade de lesão social, já que a maior repressão, como se sabe, é um fator inibitório indiscutivelmente. Seu comentário trouxe um exemplo do morador de rua, consumidor de crack, e segundo seu comentário vítima social do capitalismo, fundamentando, entretanto, seu posicionamento, com um discurso que desde os idos do fracassado e vetusto comunismo se ouvia como um credor de uma dívida pautado em um Estado social. Este, lembro, não precisa só de tratamento de desintoxicação. Este precisa do tratamento de desintoxicação, de tratamento psicológico, de educação, de emprego(...) para, quem sabe um dia, se tornar um cidadão. Não foi quanto a este que o texto se posicionou, até porque este, em regra, não tem interesse de se sujeitar a este longo e penoso tratamento, deixando a "liberdade das ruas, sendo certo, que o Estado não pode forçá-lo a submeter-se a tudo isso contra sua vontade, até porque, se feito de forma involuntária, a possibilidade de se lograr êxito é nula, sendo este por certo, um peso social que o Estado e a sociedade terá que lidar, tratando-o ou não...
O texto se ateve sim, àqueles que possuem uma estrutura familiar e optam pelo mundo das drogas (remeto ao post mais antigo). Aqueles que eventualmente formaram a linha dos que reivindicavam a liberdade de consumo como usuário, se dizendo portadores de liberdade para suas escolhas. A partir do momento que não se reprime o consumo, esta liberalidade pode atingir à todos, estruturados familiarmente ou não, pois a lei (em sentido amplo) não faz qualquer distinção... Por isso a crítica, de legalmente não se reprimir e se facilitar o consumo, e por consequência a dependência, pois será a sociedade a "consumidora final" de todo prejuízo social. Neste ponto o post se ateve, ao custo social para recuperação destes que a legislação optou por "respeitar" suas "liberalidades", que agora se voltem contra a sociedade para arcar com os custos desta "liberdade" reivindicada e concedida, mas mal aproveitada. O INSS bancar a família do que já vem recebendo o oneroso tratamento de desintoxicação pago pela sociedade, é sim um tratamento "VIP", que não comporta faticamente às realidades sociais vividas pelos cidadãos deste país, onde aí sim, direitos essenciais que o Estado constitucionalmente avocou para si prestar não são prestados de forma digna e, pessoas hipossuficientes dependentes de serviços públicos ficam despidas de seus direitos pela política da "prestação na medida do possível" alegada pelo Estado restando abandonadas à sorte de uma vida indigna por falta de verba orçamentária, desvios e malversação do dinheiro público.
Quanto ao auxílio reclusão, esta é uma distorção da legislação, do sistema, que prioriza o auxílio à família do criminoso com valores em muito superior, proporcionalmente ao salário mínimo do trabalhador, sendo certo que a grande maioria da população vive é com o salário mínimo... Então o criminoso é recluso pelo seu crime, prestando contas à sociedade, e seus dependentes recebem do Estado uma espécie contraprestação da mesma sociedade pelo crime perpetrado em um valor superior à paga ao trabalhador não delinquente? O que é isso? Seria isso um pedido de desculpas do Estado por tê-lo apenado por ser crime? Isso não seria paradoxal?
Por último, faço notar, que defendo neste espaço integralmente o atendimento às normas de cunhoconstitucional, mas lembro, que entre elas, existem normas de cunho programáticos, que são colocadas como finalidades do Estado, cumpridas na medida do possível... De resto, defendo o pleno atendimento, principalmente em se tratando de serviços públicos essenciais, direitos fundamentais do cidadão, que vale dizer, são prestados em suas maiorias de forma insatisfatória e muitas vezes indigna... Por isso, não me venha colocar que não defendo os direitos assegurados em nossa CF, embora possa de alguns discordar de forma fundamentada, mas nem por isso, já que garantidos, negar suas existências...
Me chamar de elitista foi um equívoco. Sou sim, em muitos momentos, pragmático. Vivo no mundo das realidades e não na utopia de uma ideário inatingível. Tudo, inclusive os direitos constitucionalmente protegidos, devem ser ponderados, sopesados com outros que por ventura aparentemente conflitam no caso concreto, e neste universo ponderável é que políticas populistas aparecem priorizando o que em uma ordem de prioridades não deveria estar sendo priorizado, invertendo-de muitas vezes valores...
Findando, respeito suas linha ideológicas seja lá quais forem, mas lembro que nada é imutável em se tratando de uma mente conectada com as realidades históricas contemporâneas, precipuamente em se tratando da defesa de linhas ideológicas fadadas ao fracasso pelo seu, por vezes, exacerbado sentido ultrapassado e demagogo já historicamente demonstrado... Criticar o capitalismo (uma inelutável realidade) por seus males, sem apresentar soluções não demagogas e factíveis, não é a linha que se deve perseguir para se propiciar discussões que promovam algum benefício prático e suscetível de apreciação para a geração presente e muito menos às futuras gerações, ficando jungido apenas ao campo da utopia não praticável...
Sem mais.
Sem mais.