"Da mesma forma que o Brasil elegeu um metalúrgico, a Bolívia um índio, a Venezuela o Chávez, e o Paraguai um bispo, seria um ganho extraordinário se a maior economia do mundo elegesse um negro".
Este pronunciamento foi o mais novo vômito neopopulista do manipulador Lula da Silva em mais uma de suas infelizes comparações... Este, que um dia foi um metalúrgico incauto e inculto, hoje convive tão só com as duas últimas qualificações. Em sua citação referiu-se inadvertidamente a Obama como mais um exemplo de conquista étnica dos povos, alienando-se a idéia preconceituosa de que um maior ou menor grau de melanina poderia salvar a maior economia do mundo...
Negro, mulato ou branco, Obama é culto, portador de uma história de superação, que não se amesquinha em sua cor, mas faz inferir o seu talento, que não se sabe ainda no ofício de administrar o mundo, mas se tem certeza quanto ao dom de emocionar nações, sem populismo e certamente sem assistencialismo, mas com a força de alguém que reconvoca a cultura ao lugar de primordiariedade da qual jamais deveria ter deixado...
A obamania não pode servir para cegar a opinião pública do porquê do fenômeno Obama. Elegeu-se com a máxima dignidade exatamente por não ter utilizado dos artifícios sensacionalistas de sua cor, mas sim de seu carisma e de suas palavras colocadas com a sapiência própria dos que primaram pelo preparo intelectual. A onda de ditadores populistas que se percebe na América Latrina não pode ser comparada a democrática obamania. Se por lá a chamada "minoria" ascendeu ao poder e nele possivelmente se manterá segundo os ditames da democracia, isto não se deveu ao uso da força, exploração das fragilidades de seu povo ou de alguma espécie de assistencialimo prometido causador de dependência. Por lá não se questionará o instituto da democracia por seu profundo desvirtuamento, mas sim veremos um Chefe de Governo, que munido do comprometimento popular gratuito e unívoco buscarão visualizar soluções para o bem comum. Não se terá por lá um condutor de rebanho que troca as ordinárias tarefas de administrar por palanques extraordinários... O povo que necessita da construção de um mito extraordinário acaba por avocar uma não desejável autocracia ditatorial, ainda que por vezes ocultada pelo véu de uma pueril democracia para inglês ver. O povo que busca o aperfeiçoamento de suas instituições democráticas encontra uma democracia, que prescinde de líderes extraordinários, Caudilhos inspiradores da alma e aduladores das ilusões, que enlevam multidões e massas extasiadas pelo reflexo de suas aspirações denegadas pelo destino... Dizia sabiamente John Dewey, que a democracia é o regime das pessoas comuns, das ordinárias, não das extraordinárias...
Sinto-me profundamente consternado quando vislumbro propagadores de opiniões por suas condições em uma visão distorcida e sobremaneira equivocada de que a origem de classe, raça ou cor teria alguma ligação ao sentido de democracia. Se desta forma, devo discordar. O reforço destas condições esteriotipadas, conquanto possam aparentemente ter um efeito simbólico de certa forma admissível, atenta maquiavelicamente contra a instuição da democracia. Um representante deve ser alçado à esta condição, como capitão de sua tropa, por suas convicções, jamais levando-se como fator precípuo ou dominador de sua escolha, seu nicho de origem ou sua etnia sangüinia, sob pena da democracia tornar-se uma luta não do povo pelo povo, mas do povo contra o povo... Lutas de classe há e sempre haverá, até porque é parte da democracia, o que não se tolera é a "bronquidão" de um Chefe de Governo manipular o sentido mega da palavra democracia estabelecendo-lhe fronteiras muito aquém de sua real vocação... Democracia portanto não pautará seus traços mais bem delineados porque feitos sobre um papel negro, pardo, branco ou amarelo, mas sim pela firmeza, retidão e transparência de quem administra, de quem organiza os traços de seu povo...
Quanto a Obama, conforme expus em post anterior, quero crer que a auto-rejeição à sua etnia muçulmana venha traduzir-se a tão apenas por um lapso perdoável comportamental, não se havendo experimentado, ainda que por amostragem, o prognóstico de uma futura ausência de transparência ou distorção de caráter... Que Obama não se faça distinguir dos "líderes" latrinos apenas por sua cultura e capacidade intelectual...
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