28 março, 2007

Utopia escapista e hipócrita

Tema turbulento onde o consenso beira a utopia e na utopia escondem a hipocrisia. Encarar a realidade de uma forma enérgica e apriorística é incidentalmente tutelar nosso direito fundamental à vida.

O crime encontra sua mola propulsora na impunidade e a impunidade terreno fértil nas medidas sócio-educativas aplicadas aos menores. Hoje o menor que mata da forma mais hedionda possível, não fica longe da sociedade por mais de 3 anos. Tramita um projeto no congresso que propõem aumento para 5 anos.

A questão da maioridade penal, defendo, deve ser discutida com toda a sociedade num amplo debate, que passa diretamente pela responsabilidade social de cada cidadão num contexto global de cidadania e dignidade da pessoa humana. Estamos vivendo um momento de completo descrédito de nossa democracia representativa instando premente a valorização de uma democracia participativa.

É fato, que nenhuma mudança isolada ou mesmo um conjunto de mudanças em um curto espaço de tempo será capaz de solucionar um problema que possui raízes somatizadas pela história, mas também resta incontroversa a necessidade de mudanças, algumas emergenciais, ainda que de cunho provisório e outras estruturais com vistas a uma sistematização que prime pela eficiência da tutela que o Estado deve prestar à sociedade quando avocou para si tal responsabilidade.

Nosso Estado encontra-se profundamente adoecido, e como no caso de um drogado, a primeira atitude é a de auto-conscientização de seu estado, potencializada pela vontade de se tratar. A este último reclamo, infelizmente, temos encontrado parcas respostas, não sei se pela falta de “médicos”, pela desídia ou pela incompetência destes, sendo certo que nisso o CDC não nos ajudará.

Temos hoje, quanto à questão da maioridade penal algumas correntes bem delineadas de defensores:

Alguns defendem que a proposta de Emenda constitucional baixando a maioridade penal para 16 anos não trará uma resposta satisfatória, buscando como paradigma legislações alienígenas de países onde a violência não diminuiu. Alegam esses tratar-se de um problema estrutural onde a sociedade tem um débito histórico com ela mesma quando não ofertou condições dignas de oportunidades de se optar pelo “não crime”, seria um problema de raízes sociais. Essa idéia que digo simplista e de uma obviedade a toda prova faz surgir a brisa da omissão, do empurra para amanhã, fazendo crescer o sentimento de impunidade e de banalização do crime. Abarcam essa tese alguns antropólogos, sociólogos, defensores dos direitos humanos e outros hipócritas que se escondem por de trás da utopia de suas hipocrisias.

Outros defendem que a maioridade a partir dos 16 anos é um início de combate à impunidade. Nessa linha de pensamento há quem por exemplo proponha que na reincidência de um crime hediondo a imediata emancipação do menor, o que a meu ver, somado ao endurecimento de nossa legislação penal e de execução penal, e é claro ao oferecimento efetivo de oportunidades priorizando-se o direito fundamental à educação, vai mostrar a resposta não evasiva que a sociedade espera de combate pela ordem, pela paz social e pelo nosso maior bem que é a vida, quiçá um dia digna como preceitua a talvez norma programática fundamental mais importante de nossa constituição. Essa tese abarca a sociedade em geral, capitaneada pelas famílias decapitadas em suas almas e aqueles que acreditam que a violência não se combate com filosofia e muito menos com hipocrisia!



23 março, 2007

Joguinho da adivinhação

Prego que se destaca tem que levar martelada! Que me desculpem o plagio, mas é essa a regra também no meu jogo. Em nossa realidade concreta essa assertiva não encontra seu fundamento de validade, já que a martelada vai para o povão, que se destaca sim, nas páginas policiais. Mas como nesse blog quem dá as cartas sou eu, vou fugir dessa realidade cão e vou continuar a martelar quem realmente se destaca.

Convido você, caríssimo leitor, para participar de um joguinho teletube de adivinhação bem rapidinho comigo, vamos lá:

1ª) É o maior símbolo da imoralidade do nosso país. Pronto... já mataram! Mas para quem está um pouco desligado do nosso reality show e mais ligado no outro, vai uma segunda dica;
2ª) Os mais assíduos e responsáveis dessa classe trabalham dois dias e meio por semana. Ficou muito fácil, mas se não mataram, vem uma terceira dica, pois no meu jogo todos têm que ganhar;
3ª) São os únicos que possuem a prerrogativa de reajustar seus próprios salários, agora só para acabar a brincadeira que já está ficando chata, fiquem com a quarta dica;
4ª) Para eles as normas penais são por completo ignoradas ou tem seu sentido invertido.
Mataram...né?

Resultado final do jogo:

Aos que mataram meus pêsames, porque você é pobre, ninguém te conhece, não tem destaque, não tem imunidade nem foro por prerrogativa de função, ainda matou quem o sistema protege, então sua chance de ir para cadeia é de 100%; aos que tiveram vontade de matar, mas não mataram, parabéns pelo auto controle, mas vai continuar a levar martelada, e por último aos que nada sentiram, que se matem, pois a humanidade não precisa de vocês!!!!

É, numa primeira impressão todos perderam, mas eu não seria tão mórbido de criar um jogo no qual todos perdessem, lembrem-se que a regra do jogo é a maioria perder para uma minoria sair ganhando, então você perde aqui para não ficar mal acostumado!!!

19 março, 2007

Déficit na balança

Negro, pardo, índio, amarelo, branco; somos nós. Somos puros como prostitutas. O Brasil é um verdadeiro bordel. Se fossemos comida seríamos uma sopa de entulho. Se fossemos bebida seríamos um coquetel, que querem transformar em molotófico...

Pois bem, que somos uma “mistureba” não se discute, o que se discute são nossas políticas públicas quando tratamos de nossas misturas. A verdade é que fomos criados para importar, e importamos muitas idéias, que infelizmente andam nos causando uma preguiça mental comodista e irresponsável.

Importamos mais uma idéia de nosso maior exportador de merdas, agora de características segregadora e racista como se fosse uma idéia social. Estamos importando um verdadeiro apartheid para nossa já combalida realidade social. Esses expurgos escatológicos excrementosos é que nos enfiam goela abaixo!!! Acho que faz parte do programa fome zero...

“Nossa” ação afirmativa consubstanciada pela cota de negros nas universidades é um paliativo hipócrita, como quase tudo no nosso país, e desarrazoado que fará sim aumentar as diferenças. Não é o pobre que recebe o tratamento diferenciado e sim o negro. Mas quem é negro? Será negro e pobre a mesma coisa? Será que todo pobre é negro? Ou todo negro é pobre? Será todo branco rico? E você, se considera negro ou pobre? Alias, negro ou branco?

A cor da nossa pele, hoje em nosso país, passa legalmente a receber tratamento diferenciado. Soube em um dos últimos vestibulares que dois amigos criados juntos, foram vítimas desta diferença. Prestaram vestibular juntos, para mesma universidade, mas um, filho de pais “brancos”, não foi aceito no programa de cotas para negros, pois o consideraram branco, já seu amigo que nasceu “negro” foi aceito. O rapaz negro embora tivesse feito significativamente menos pontos foi aprovado e hoje estagia na área de educação física, já seu amigo que deu o azar de ter nascido mais branquinho cansou de tentar e agora encontra-se a sete palmos abaixo do chão morto pelo tráfico...

Deus queira que o racismo legitimado pelo poder público, não se torne mais uma página triste de nossa história a ser escrita, e que a desigualdade racial não comece a matar como mata a social, à semelhança do nosso paradigma de primeiro mundo.

09 março, 2007

O Paraíso é aqui!!!

Situação insólita, risível, escalafobética... Protegemos quem nos rouba, os mantemos intocáveis e ofertamos a total segurança jurídica da impunidade. Contamos ainda, com a substancial colaboração da mediocridade desavergonhada e irresponsável de um povo que legitima no poder a putrefação humana.

Introduziu Hitler, em 1933, a idéia de que o povo tinha que se manter iletrado com vistas à manutenção de um poder ditador perpétuo, acho que ele ficaria satisfeito por ter alcançado, em parte, seu prognóstico no Brasil, um país democrático que impera a ditadura da acefalia.

Conseguimos eleger acéfalos como nós, e junto a eles, outros, que se utilizam de nossas precariedades intelectuais para construção de impérios em paraísos fiscais. É na realidade, uma lógica interpretativa às avessas, onde a distribuição de renda existe, mas é lida numa ótica bastante peculiar, onde todos distribuem suas rendas não para o bem comum, mas para o bem de um.

Hoje um certo deputado federal encontra-se sitiado no Brasil. Para onde ele for fora de nossos limites territoriais será preso. Mas aqui ele está seguro, pois não se extradita cidadão nacional, afinal temos soberania e decidimos o que fazer com os nossos. Eleito, conta com prerrogativas e imunidades que lhe garantirão a impunidade. Nossa Suprema Corte como órgão político que é, mostrar-se-á mais político que nunca. Pelo visto, todos querem prender quem nos roubou, nós não...devemos prender o João das Couves que foi o fornecedor da renda a ser distribuída!!! A culpa é dele!!! De uma coisa nós temos que nos orgulhar, o paraíso é aqui! Para os que olham de fora da bunda, para que sentem de perto da náusea, e viva o Brasil, que cá pra nós, escrito com ”z” fica mais bonito!!!

02 março, 2007

Ser diferente tá na moda

No jogo de empurra entre o legislativo e o judiciário, quem leva tombo é o povo. Discussão por uma melhoria, sem dúvida há; de seus salários. Enquanto o crime há muito encontra-se na era digital, o Estado vem se enterrando na analógica. Enquanto tentam aumentar os seus tetos, melhorando ainda mais a distribuição de renda; entre eles; o povo procura sobreviver com seus pisos, ainda que a grande maioria só encontre sossego a sete palmos do chão...
É impressionante nossa legislação penal, temos normas que Matusalém se envergonharia e outras tantas importadas de uma realidade muito distante da nossa, que são aplicadas graças a enorme vontade política de se manterem inertes incentivadores do caos.
Nosso poder judiciário, por exemplo, se apequena como mero aplicador de leis, sejam elas quais forem. A venda em seus olhos os mantém cegos de nossa realidade social. Bem verdade, que juridicamente falando a jurisdição é inerte até ser provocada pelo direito de ação, que todos possuem, porém lamentavelmente mesmo com nossa provocação têm eles permanecido inertes, mostrando que além de cegos, são surdos e mudos, pois não ouvem o clamor popular e não se manifestam a respeito. Hoje o tema deficiência protagoniza nosso horário nobre, será o objetivo do judiciário, encontrar seu espaço na próxima grande produção Global? Deficiências não faltam, só me pergunto se procuram o papel de protagonistas ou antagonistas da história...
No ápice do judiciário tem assento onze semi Deuses que possuem atribuição constitucional precípua de guarda da nossa constituição, que elenca entre seus direitos fundamentais o direito à vida, a dignidade da pessoa humana, a liberdade de locomoção entre outros. Será o teto o maior dos direito fundamentais? Acho que para eles sim... pois só desta forma poderão continuar se distanciando de nós, e quanto mais longe estiverem mais insignificantes estaremos aos seus olhos, como formiguinhas impotentes e descartáveis prontas para serem pisadas pela indiferença.