11 janeiro, 2012

"Esquetes" que alimentam a ilogicidade de um sistema que parece feito para não ser compreendido ou perquirido pelos mentalmente hígidos...

Primeiramente, agradecendo às manifestações de apoio e concordância textual de figuras ilustres e de respeitabilidade ilibada, que se fizeram presentes após da leitura do post infra. Portanto é com o apoio dos Senadores Alvaro Dias, Pedro Taques e Demostenes Torres e dos notáveis jurisconsultos Pedro Lenza e Marcelo Novelino, que sem tempo, dou minhas boas-vindas a este ano de 2012 que promete...

Qual é o preço da honestidade, da retidão do pobre homem comum? Pobre digo, em suas duas acepções...
Vamos analisar a questão posta a partir de situações não hipotéticas:
Hoje o salário mínimo é de míseros R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais). Portanto a maior parte da sociedade brasileira, que é justamente a que sobrevive com salário mínimo, se optar pela legalidade, pela higidez de conduta morrerá, ops, sobreviverá com este valor mensal.
Hoje o "auxílio reclusão" é de R$ 915,05 (novecentos e quinze reais e cinco centavos). Portanto este é o benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão que preencher certos requisitos legais. Por isso o assalariado, que tenta a sorte no mundo do crime e tem sua demanda infrutífera, restando preso, seus dependentes provavelmente receberão um valor maior do que se ele estivesse solto e trabalhando honestamente... O que é isso? Um pedido de desculpas do Estado por tê-lo prendido?
Aliás, o chefe de família que recebe um salário mínimo por mês dificilmente sustenta seus dependentes, necessitando do trabalho de todos para um final de mês sem tanta fome e com um teto para se abrigar... Em sendo recolhido à prisão seus dependentes efetivamente receberão os quase R$ 1.000,00 (hum mil reais) e quem sabe nem mais precisarão trabalhar, ao menos pelo período em que aquele inútil, agora útil mantiver-se preso sob a guarda do Estado...
É ou não é uma situação esdrúxula?
E o homem comum e probo que ganha além do salário mínimo? Esse é o mais fodido... Esse não será contemplado pelas políticas públicas sociais paliativas e de cunho eleitoreiro, nem terá qualquer auxílio custeado com o dinheiro público, terá sim, em torno de 30% do seu salário deduzido para impostos. E se procurar a justiça? Não terá a Defensoria Pública para assessorá-lo (já que não será considerado vulnerável, hipossuficiente econômico). Seu papel é trabalhar para sustentar o sistema de desvios do erário, da corrupção e do desperdício, da inversão de valores, e só.
Que situação, não?
Outro ponto que vou tocar ainda que de ampaçã, é uma questão que já tratei com boa profundidade em post mais antigo. A questão do sustento das drogas. Há quem defenda sua descriminalização, outros a sua legalização e por último que continue este sistema falido de repressão. A legislação diminuiu seu poder repressivo contra o usuário, como é de conhecimento de todos, mas nem por isso assumiu qualquer linha liberatória. Fato é, que os que lutam pela linha liberatória (os liberais) precisam tomar uma posição final menos paradoxal. Se o indivíduo tem a liberdade individual de efetuar suas escolhas deve ter a sua responsabilidade pela escolha perpetrada custeando seu tratamento humano regenerativo, não podendo depois de utilizar-se de referida liberdade voltar-se para o Estado (leia-se sociedade) recoberto sob o manto de estar doente para ser custeado com o dinheiro de todos. São tratamentos caros, e antes da escolha ser feita sua monta não pode ser considerada à título de escusa como um fator desconhecido. Por isso, em não se tomando a linha Estatal-repressiva, os custos sociais não podem ir além dos inerentes em se conviver em meio a drogados socializados... Estes não podem de liberais tornarem-se como em um passe de mágica doentes dependentes do que quiseram se libertar...
Hoje o INSS possibilita ao usuário de crack se afastar do seu trabalho à partir de um laudo psiquiátrico para se tratar, enquanto o INSS banca sua família durante o longo tratamento. Em suma, o viciado (que pleiteia seu direito de liberdade) deixa de trabalhar para se tratar e tem a sua família sustentada pela sociedade. Enquanto isso, você, não viciado, continua sua peregrinação sol a sol na busca de um cascalho mensal, que chega a ser descontado 30% para contribuir com este sistema de valores improváveis...

Sem mais.



6 comentários:

Rafael disse...

É a realidade bem escrita. parabéns! Excelente seus textos.

wilian disse...

realidade bem escrita, bem argumentada, pena que as pessoas não aceitem isso, prefiram viver em ilusoes...

Nick disse...

Como eu costumo dizer: se você for classe média, branco, heterossexual, honesto, homem, ter entre 18 e 40 anos e estudante, você está perdido. Excesso de legislação que garante direitos a minorias e esquece de outras parcelas da sociedade.
http://critico-estado.blogspot.com

Carlos disse...

Que isso irmão, show seu blog! Visão forte, mas com muita propriedade. A verdade é q o povo sempre toma, o dinheiro público é visto como dinheiro de ninguém.

Abç!

Igor Henrique disse...

Incumbido da democracia referida pelo autor, venho manifestar minhas impressões sobre a sua ótica política, e por quê não, ideológica. Não concordo com o afastamento do Estado do tratamento dos seus dependentes, ou do completo abandono ao recluso. São formas de intervenção social propostas pelo Estado, que procuram atenuar as discrepâncias e incoerências do Capitalismo e a sua desigualdade intrínseca. A questão das drogas NÃO PODE partir de um viés tão superficial e pragmático, pautado sob a esfera da "aura dos liberais". Um morador de rua, por exemplo, miserável, que pouco ou nada compreenderá sobre "liberalismo", cego aos olhos da sociedade e negligenciado pelo Estado burguês é uma vítima do descaso e do desnível social absoluto. Este é o exemplo de vítima em potencial para o Crack. Para o alívio de seus afligimentos, fome/frio/abandono, rende-se ao vício. Tente se posicionar sobre o degrau que este cidadão está. É notório que ele é uma vítima, e deve ser remediado pelo Estado. Quanto ao auxílio-reclusão, compreendo este benefício como uma forma de evitar que os familiares do mesmo sofram perdas financeiras substanciais, enquanto este estiver preso. Dessa forma, você evita uma cadeia criminosa (a proliferação da criminalidade) dentro da família, que sem este auxílio, ficaria incapaz de produzir dinheiro, criando o terreno essencial para práticas ilícitas. O Estado deve participar dessas questões sociais, sem dúvidas. Sanar as deficiências sociais. Curar as feridas praticadas pelas práticas econômicas abusivas e irresponsáveis dos endinheirados, equilibrar sua população em situação de bem estar, além de manter a qualidade de vida elevada. Existem N incoerências em nossa política, bem como em nossa economia e na nossa sociedade, é inegável. Mas, o texto se utilizou de ideais elitistas e de negação às camadas que historicamente são reprimidas e oprimidas em nosso país, que por mais erros que possam ter cometido, ainda devem usufruir dos Direitos assegurados em nossa constituição àqueles que cidadãos forem.

PS: Não sou petista, nem partidarista. Apenas simpatizo com algumas linhas de ideologias frontalmente contrárias ao do autor. O que não me leva a querer matá-lo, agredí-lo, nem nada do tipo.

LEONARDO SARMENTO disse...

Caro Igor,

A resposta ao seu cometário achei por bem dar-lhe na forma de uma novo post, para que se oferte a leitura para os demais participantes deste espaço.

Abraço e grato pela participação.