29 fevereiro, 2012

RÉPLICA. AS DIFERENÇAS DO QUE É PARA O QUE NÃO DÁ PARA SER...

Um comentário no post que intitulei "Esquetes(...)", motivou-me a respondê-lo não nos comentários, mas na forma de post, a fim de propiciar aos leitores deste espaço que tenham a real ideia da linha de pensamento deste que vos fala, e não caiam no engodo literário de palavras que possam a primeira vista ter a "nobreza" como orientação, pois vejamos:

Caro Igor Henrique, primeiramente, grato pela participação, ainda que discordante.
Sua manifestação escrita qualificaria-a como contaminada pelo que chamo de "o germe do populismo político obtuso". Sua análise não se atém ao que faticamente se expôs no texto à que se refere. Foram colacionadas críticas ora de situação pontuais que o texto não se propôs a tratar, ora de enganos conceituais intrínsecos de sua leitura, ora utopias faticamente inatingíveis como forma de fundamentar suas contraposições...
Quando seu comentário sugere a discordância do afastamento do Estado do tratamento de seus dependentes químicos (drogados) eu lhe digo que em momento algum explanei nesse sentido... Primeiramente o texto remete o leitor a outro texto por mim postado que trata do assunto "drogas" em uma outra ótica, onde abordo as diferentes linha e "prego" a minha. Neste, que replico seu comentário, trato das drogas em geral, uma acepção que deve ser lida com as diferenças pertinentes. Um ponto no entanto converge: o usuário de qualquer entorpecente hoje sofre uma reprimenda praticamente inexistente com a nova legislação; legislação essa, que cedeu aos apelos de nossas realidades fáticas de falência de nosso sistema prisional, optando por equalizar sua política de reprimir apenas os crime não considerados de pequeno potencial ofensivo com reclusão. Com isso, alargou-se as facilidades do uso de drogas e sua potencialidade de lesão social, já que a maior repressão, como se sabe, é um fator inibitório indiscutivelmente. Seu comentário trouxe um exemplo do morador de rua, consumidor de crack, e segundo seu comentário vítima social do capitalismo, fundamentando, entretanto, seu posicionamento, com um discurso que desde os idos do fracassado e vetusto comunismo se ouvia como um credor de uma dívida pautado em um Estado social. Este, lembro, não precisa só de tratamento de desintoxicação. Este precisa do tratamento de desintoxicação, de tratamento psicológico, de educação, de emprego(...) para, quem sabe um dia, se tornar um cidadão. Não foi quanto a este que o texto se posicionou, até porque este, em regra, não tem interesse de se sujeitar a este longo e  penoso tratamento, deixando a "liberdade das ruas, sendo certo, que o Estado não pode forçá-lo a submeter-se a tudo isso contra sua vontade, até porque, se feito de forma involuntária, a possibilidade de se lograr êxito é nula, sendo este por certo, um peso social que o Estado e a sociedade terá que lidar, tratando-o ou não... 
O texto se ateve sim, àqueles que possuem uma estrutura familiar e optam pelo mundo das drogas (remeto ao post mais antigo). Aqueles que eventualmente formaram a linha dos que reivindicavam a liberdade de consumo como usuário, se dizendo portadores de liberdade para suas escolhas. A partir do momento que não se reprime o consumo, esta liberalidade pode atingir à todos, estruturados familiarmente ou não, pois a lei (em sentido amplo) não faz qualquer distinção... Por isso a crítica, de legalmente não se reprimir e se facilitar o consumo, e por consequência a dependência, pois será a sociedade a "consumidora final" de todo prejuízo social. Neste ponto o post se ateve, ao custo social para recuperação destes que a legislação optou por "respeitar" suas "liberalidades", que agora se voltem contra a sociedade para arcar com os custos desta "liberdade" reivindicada e concedida, mas mal aproveitada. O INSS bancar a família do que já vem recebendo o oneroso tratamento de desintoxicação pago pela sociedade, é sim um tratamento "VIP", que não comporta faticamente às realidades sociais vividas pelos cidadãos deste país, onde aí sim, direitos essenciais que o Estado constitucionalmente avocou para si prestar não são prestados de forma digna e, pessoas hipossuficientes dependentes de serviços públicos ficam despidas de seus direitos pela política da "prestação na medida do possível" alegada pelo Estado restando abandonadas à sorte de uma vida indigna por falta de verba orçamentária, desvios e malversação do dinheiro público.
Quanto ao auxílio reclusão, esta é uma distorção da legislação, do sistema, que prioriza o auxílio à família do criminoso com valores em muito superior, proporcionalmente ao salário mínimo do trabalhador, sendo certo que a grande maioria da população vive é com o salário mínimo... Então o criminoso é recluso pelo seu crime, prestando contas à sociedade, e seus dependentes recebem do Estado uma espécie contraprestação da mesma sociedade pelo crime perpetrado em um valor superior à paga ao trabalhador não delinquente? O que é isso? Seria isso um pedido de desculpas do Estado por tê-lo apenado por ser crime? Isso não seria paradoxal?

Por último, faço notar, que defendo neste espaço integralmente o atendimento às normas de cunhoconstitucional, mas lembro, que entre elas, existem normas de cunho programáticos, que são colocadas como finalidades do Estado, cumpridas na medida do possível... De resto, defendo o pleno atendimento, principalmente em se tratando de serviços públicos essenciais, direitos fundamentais do cidadão, que vale dizer, são prestados em suas maiorias de forma insatisfatória e muitas vezes indigna... Por isso, não me venha colocar que não defendo os direitos assegurados em nossa CF, embora possa de alguns discordar de forma fundamentada, mas nem por isso, já que garantidos, negar suas existências...

Me chamar de elitista  foi um equívoco. Sou sim, em muitos momentos, pragmático. Vivo no mundo das realidades e não na utopia de uma ideário inatingível. Tudo, inclusive os direitos constitucionalmente protegidos, devem ser ponderados, sopesados com outros que por ventura aparentemente conflitam no caso concreto, e neste universo ponderável é que políticas populistas aparecem priorizando o que em uma ordem de prioridades não deveria estar sendo priorizado, invertendo-de muitas vezes valores...
Findando, respeito suas linha ideológicas seja lá quais forem, mas lembro que nada é imutável em se tratando de uma mente conectada com as realidades históricas contemporâneas, precipuamente em se tratando da defesa de linhas ideológicas fadadas ao fracasso pelo seu, por vezes, exacerbado sentido ultrapassado e demagogo já historicamente demonstrado... Criticar o capitalismo (uma inelutável realidade) por seus males, sem apresentar soluções não demagogas e factíveis, não é a linha que se deve perseguir para se propiciar discussões que promovam algum benefício prático e suscetível de apreciação para a geração presente e muito menos às futuras gerações, ficando jungido apenas ao campo da utopia não praticável...

Sem mais.

3 comentários:

Anônimo disse...

Abordagens muito lúcidas e tecnicamente qualificadas. Entendo que você tem toda razão, queria eu ter sua habilidade para escrever e ter meu próprio blog, hehehe

Marquer disse...

...as vezes é difícil falar sobre o óbvio.

Ler no comentário do Igor que "se assegurar recebimento em espécie a familiares", seguido da afirmação de que "o estado deve proporcionar um ganho digno ao mesmo", faz desanimar... empobrece o texto com uma lógica desconexa. Desculpe Igor, mas não há o que dizer além, ou menos...ou até a mais!!!

Ou o Estado proporciona a oportunidade ao trabalho (através do bem gerir de toda uma economia e desenvolvimento), ou sustenta o cidadão, cujo, se ofertado pelas duas vertentes, jamais procurará a primeira. Isso é tão óbvio que nem vale a pena discutir.

O drogado, tanto o quanto o mendigo, ou o assalariado não são vítimas do Estado. Antes disso, são vítimas de sí mesmos! Por acaso ja se viu algum mendigo procurar a roça para trabalhar (onde sempre se tem lugar pra trabalho...lugar e comida!)? Nao!! Não se verá, porque quem procura trabalho (de verdade!), não passa fome e nao vira mendigo. Isso é uma logica que talvez seja inatingivel aos fantasios. Talvez, não! Certamente o é!

...e o é nao por bondade, mas sim por interesse!

Vitimar um sistema de mérito para eleger outro que prioriza a ajuda a quem ao menos quer se ajudar, é o verso do que se entenderia por sapiência.

Retirar daquele que muito se esforça para dar akele que em nada quer se esforçar, é a covardia e verdadeira injustiça que cismam em defender. Isso lhes traduz a verdadeira intençao.

Procurar a dor de quem se vitima para eleger fantasias que versam sempre no antagonismo do mérito, que, aí sim, proporciona a verdadeira covardia social, como é o grande exemplo hoje, que vem daquela ilha dos "heróis revoltosos" (Cuba), cujo TODO o povo dali quer se ver livre...!!!

Um sistema verdadeiramente justo, ampararia as crianças e os idoses, ou seja, akeles que ainda nao sabem se defender, ou akeles que já não mais o podem...de resto, a cada um pelo seu esforço.

Isso é a verdadeira justiça.

Agora, vir querer falar de justiça com a boca cheia de fantasias já desmoronadas pelo mundo inteiro...nem tem como discutir.

Se o exemplo atual e REAL que temos hoje nao basta... então fiquemos na compra de votos em troca de bolsas de pilantras que se tornaram bilionarios ludibriando os coitadinhos dos pobres...noa é verdade? Usaram desta mesma ideologia...assim como tantos outros...muuuitos!!

Como esta sua folosofia já fez muitos milionários pelo mundo a fora, noa é verdade??

...se noa souber, vá perguntar a chico buarque. Ele sabe.

Anônimo disse...

Blog de cabeçudo, hehe