07 agosto, 2009

REALIDADES DIFERENTES...

O show de horrores:
Começou assim: Renan terminou seu pronunciamento em plenário e retornou à sua cadeira. Nesse instante, um estranho invadiu a tribuna e passou a fazer declarações de apoio a Renan. O senador Tasso pediu a Sarney que o intruso fosse retirado. Renan, por sua vez, passou a defender a permanência do "encomendado baderneiro" e, enquanto falava, apontava um dedo para o senador cearense. Iniciou-se o episódio lamentável:
"Não aponte esse dedo sujo para cima de mim", bradou Tasso.
"Dedo sujo é o do senhor, que paga jatinho com dinheiro do Senado", retrucou Renan.
"O dinheiro é meu, o jatinho é meu. Não é igual ao que você anda com seus empreiteiros. Coronel, cangaceiro de terceira categoria!", devolveu Tasso.
Em seguida, fora do microfone, Renan falou uma frase, que, segundo alguns senadores, teria sido: "Coronel de merda!"!
"Me respeite!", disse Tasso. "Me respeite!", respondeu Renan. Por fim, Renan aponta para Tasso: "Você é minoria com complexo de maioria."
Após o chulo bate boca, Tasso disse ao presidente Sarney que Renan lhe dirigiu palavras de baixo calão, e pediu que seja feita representação contra ele por falta de decoro.
Por fim, Renan pediu a Sarney a retirada a expressão "minoria com complexo de maioria!".
Assim literalmente se processou o último espetáculo do circo do Senado...
Antes do espetáculo, porém, Renan havia lido, em plenário, a representação que seu partido apresentou contra Arthur Virgílio ao conselho de ética.
O PMDB acusa Virgílio, entre outras "cositas" pelo pagamento indevido ao servidor do Senado, utilização indevida do serviço médico da Casa, recebimento de dinheiro emprestado por autoridade pública; ocultação da Receita de doação do imóvel em que mora; recebimento de dinheiro do Senado para “tratamento de saúde para pessoa da família que não é dependente”; e nomeação de um "personal trainer" de Manaus pago pelo Senado, enfim, coisa pouca... rs
O líder do PMDB também admitiu que a apresentação de ação contra Virgílio é uma resposta às ações que o PSDB registrou contra Sarney, ou seja, não se trata de um surto ético, mas sim de uma represália ao que convencionaram chamar de denuncismo...
Renan afirmou que estava “constrangido” ao fazer a leitura da representação, mas disse que estava "cumprindo um dever" como líder. O peemedebista referiu-se ao discurso que Virgílio fez no dia 29, reconhecendo o erro de ter mantido em seu gabinete, por 13 meses, um servidor que estava fazendo um curso na Espanha sem deixar de receber os salários e as gratificações pagas pelo Senado.
Renan leu também trecho em que afirma que Virgílio "utilizou e superou em muito os limites do plano de saúde parlamentar para atender pessoa de sua família", em uma referência a um tratamento de saúde a que foi submetida a mãe do líder do PSDB, recentemente falecida. De acordo com Virgílio, o tratamento teria sido financiado pelo plano de saúde do pai dele, ex-senador Arthur Virgílio.
O texto lido por Renan acusa Virgílio de ter elevado “às culminâncias do absurdo o tráfico de influência e o patrimonialismo”.
Renan atribuiu ainda a Virgílio a nomeação de quatro parentes no serviço público e o acusa de “escabrosa utilização de dinheiro público” em benefício próprio. Durante todo o pronunciamento de Renan, Virgílio fazia anotações.
Após o bate boca, o senador tucano voltou à tribuna para contra-atacar Caralhos, ops, Calheiros. Virgílio leu diversas reportagens nas quais são apontadas supostas irregularidades cometidas por Renan.
O líder tucano ainda aventou que Renan poderia ter se "desvirtuado", pois, segundo o senador, os dois nunca receberam rendimentos diferentes, durante a carreira política. "Vossa Excelência não pode ser mais rico que eu. A não ser que o senhor tenha se desvirtuado. O senhor nunca ganhou mais do que eu", disse. Cá com meus botões imagino que Renan deva ser um sujeito mais poupador...
Por fim, Virgílio admitiu ter cometido irregularidade no caso do funcionário, mas garantiu estar "estornando" o dinheiro ao Senado, usando o mesmo termo utilizado por Sarney para explicar a devolução do auxílio-moradia aos cofres públicos. Ou seja pode se apropriar do dinheiro público, mas se vazar basta devolver... Será que se roubar um banco e for descoberto, devolvendo o produto do meu roubo, não responderei pelo meu ato, ficarei em pune? Em pune pode até ser, se eu não for perfurado por uma bala, mas o sol não será mais o mesmo ao meu reduzido olhar...
Como se pode perceber, e quem lê este espaço já ouviu-me bradar nesta linha, os senhores de Brasília não se subordinam as leis dos "comuns", valendo lembrar, criadas por eles, a não ser a parte que eles se auto presenteiam com vantagens e imunidades... Embora o nosso ordenamento escrito não cogite de castas, nossos costumes implícitos e hipócritas assim se firmam e as leis que imperam aqui nada são além de cômicas fábulas por lá...
Entre os "comuns" se não se aceitar a tese do crime de bagatela deduzida pelo defensor público, o furto de um pacote de arroz para subsistir seus familiares pode levar o cidadão desprovido a conhecer o sol de uma nova perspectiva, menor e quadrado... Entre os membros de casta mais elevada, os congressistas, desviar milhões dos cofres públicos virou prática de aceitação popular, normalidades da vida pública, graças as peculiaridades do "ordemento-pacto", que também criado por eles, é só a eles aplicado e provém dos costumes à que se fazem submeter, ainda que na mais profunda dissonância daquele criado para nós, que os promovem o perdão corporativo de seus pares para que as mãos se mantenham "lavadas" junto com seus ricos "dinheirinhos" e o "sistema de poder" continue a funcionar. Para essa classe o sol se mantém a brilhar, reluzente e redondo na sua forma original...
Desta forma podemos entender porque nos sentimos a poeira dos sapatos dos membros do poder, somos dálites deste sistema...

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