Los hermanos
argentinos reiniciam o processo de entropia negativa iniciado em 2001 com o
calote internacional... Voltam a tomar medidas de nacionalismo ufanista e ao
invés de mirarem o horizonte miram seus próprios pés... Denotam ainda possuírem
uma sociedade arraigada no mais absoluto auto-engano... O futebol bem demonstra
o que são; imaginam que o Maradona foi Pelé quando nem Zico foi, e acreditam
firmemente que com a repetição do engano com muita paixão, podem criar uma
verdade... Esquecem-se, que de falsas premissas não se extrai uma conclusão
verdadeira...
Los hemanos, o mais europeu dos latinos segundo suas
próprias convicções, reiteram que seus sentidos são turvos e despidos de
coerência fática. Na política, corriqueiramente, atuam como tupiniquins não
civilizados, mas não abdicam da pose europeizada quando o aspecto é a
arrogância de suas posturas e pronunciamentos...
Políticas nacionalistas quase sempre possuem o marcante condão do
populismo. Em regra, são praticadas em países subdesenvolvidos que não possuem
uma sociedade culturalmente desenvolvida. Em um estilo “Lady Kate” do “é tudo meu”, costumam caminhar para o isolamento no sentido das palavras de Salazar:
“Estamos orgulhosamente sós”... Essa espécie de política geralmente é praticada
por governos que percebem um ambiente social interno propício para a prática
populista, pois o apoio da sociedade é fundamental. De praxe, costumam vir
antecedidas de um processo de convencimento midiático pautado na mágica
palavrinha “soberania”. Essa palavrinha, de parcas sílabas, passa a ganhar um
significado amplo que em sua real acepção jamais possuiu, como forma de se
legitimar abusos em nome da nação, em nome do "interesse do povo"... O descrédito
das comunidades e investidores internacionais é uma consequência indissociável
destes malfeitos... Essas políticas trazem a imediata repulsa de futuros
investidores, o fluxo de capital se desinternaliza, precipuamente se
acompanhadas de calotes ou indenizações abaixo dos valores de mercado, como de
costume...
A nacionalização é a intervenção direta do Estado na figura
de agente econômico, uma apropriação coletiva forçada, por ato de autoridade
dos meios de produção, o que difere da expropriação que possui caráter de
interesse público. Países desenvolvidos que costumam estatizar, intervêem nos
serviços de saúde, transporte, educação, quando entendem possuírem condições de prestá-los com melhor qualidade que o setor privado, formando inelutavelmente
Estados inchados. Países subdesenvolvidos costumam estatizar a produção econômica,
trazer atividades tidas como lucrativas para o domínio público (petróleo e gás,
mineração, siderurgia...), em regra sob o argumento falacioso de aumento da
produtividade...
O processo de nacionalização, quando legitimado pelo apoio
popular na sua ideia, não tarda, perde a legitimidade, tão logo se principie o fracasso no processo de execução, pois o revés nos resultados prometidos quase sempre, de logo, se
percebem, e, nestes casos, a legitimidade inicial transmuda-se em conflitos
entre o poder estatizante e a sociedade ludibriada. Imaginar um país não muito firme das
pernas, que por sua política nacionalista acaba internacionalmente desacreditado,
se tornando um país de alto risco para investimentos externos, reduzindo a internalização
de capital humano e financeiro, não angariando empréstimos com facilidade,
sofrendo um quase embargo econômico dos países investidores; as chances dessa
espécie de política excludente lograr êxito é mínima.
Vale notar, que governos com ares ditatoriais,
centralizadores, mostra a história são os mais fidedignos às políticas de
nacionalização da economia. Ainda não se pode claramente afirmar que seja esse
o intuito do governo de Cristina Kirchner, mas vale lembrar, que a Argentina é
uma das participantes do “Foro de São Paulo”, que abertamente apóia as
Revoluções Cubana e Sandinista e busca a união da América Latrina contra o imperialismo e as forças
neoliberais para criação de um continente socialista em nome da “soberania”
dos seus participantes... Olha o vocábulo soberania carregando um peso além do
que pode aguentar...
E o Brasil nisso tudo? Elementar meu caro... Cristina, inclusive, sabendo que negociar com o Brasil PT é como roubar pirulito de criança já se pronunciou no sentido de esperar investimentos brasileiros que ajudem nesse processo de nacionalização, pois tem a situação da Bolívia para servir como paradigma... O Brasil investe, toma um cabuloso calote em nome de Juan Domingo Perón no processo de nacionalização, e o Brasil PT ratifica em nome da soberania Argentina... Enquanto a
comunidade internacional como um todo reprova a atitude Argentina, o Brasil na
voz do “Patriota” aprova. Em nome de quê? Em nome de quê? Da sobrecarregada
soberania... É verdade que nada diferente poderia se imaginar, já que o Brasil
PT foi esbulhado pelas ditaduras vizinhas e apoiou o esbulho com a mais
ridícula omissão... A nossa soberania? Que nada, só temos soberania quando em
conflito com os países “imperialistas”, para com nossos vizinhos nossa
soberania se faz de quatro, nós mandamos e eles metem gostoso... E não somos
soberanos? Claro que somos, só ficamos de quatro quando queremos!
Os empresários brasileiros investidores nesse mercado de alto risco certamente estão de orelhas levantadas, cabelos em pé e se depender das autoridades de nosso país de quatro à espera da próxima trolha soberana...
Sem mais.
6 comentários:
Bom texto,
O que me deixa pensando é a forma como o Brasil "apoia" este neo-caudilhismo que se prolifera a passos rápidos na América Latina...
Mais ainda, tenho medo de qualquer coisa parecida com totalitarismo, afinal, ditadura... Seja verde, amarela ou vermelha é sempre ditadura!
Perfeito!!
Claro, objetivo, bem fundamentado e sarcástico no ponto. Seu blog é maravilhoso! Você escreve mais a onde? Bem diferente do que vejo, foge do que todos escrevem. Vou acompanhar! Li mais os dois texto abaixo e fiquei boquiaberta. Sou psicanalista e virei fã da sua forma de escrever. Tem muita personalidade.
Hahaha
Impecável! Los hermanos irão te adorar.
Realmente muito bom seu blog.
Companheiro, leio muito, mas faz tempo que não leio textos tão bons como os seus. Costumo ser muito crítico, você merece apenas elogios. Com um cuidado impressionante com a linguagem só vi texto inteligentes e repletos de conteúdo. Li seus últimos 4 texto de uma só vez. Parabéns.
Seu blog é sensacional, cara. Realmente um tiro de espingarda na cabeça de muitos.
Gostaria de convidá-lo a dar uma olhada na Crase, uma revista com tanta acidez quanto este blog e, talvez considerar fazer parte da família.
O endereço é www.revistacrase.com.br
Muito sucesso pra você. Nunca pare de escrever! Agora que descobri o seu blog, não largo mais.
Gostei demais da sua linha. Lê-lo causa amor ou ódio, gosto disso!
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