19 abril, 2012

PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO NA ARGENTINA E REPERCUSSÕES...


Los hermanos argentinos reiniciam o processo de entropia negativa iniciado em 2001 com o calote internacional... Voltam a tomar medidas de nacionalismo ufanista e ao invés de mirarem o horizonte miram seus próprios pés... Denotam ainda possuírem uma sociedade arraigada no mais absoluto auto-engano... O futebol bem demonstra o que são; imaginam que o Maradona foi Pelé quando nem Zico foi, e acreditam firmemente que com a repetição do engano com muita paixão, podem criar uma verdade... Esquecem-se, que de falsas premissas não se extrai uma conclusão verdadeira... 
Los hemanos, o mais europeu dos latinos segundo suas próprias convicções, reiteram que seus sentidos são turvos e despidos de coerência fática. Na política, corriqueiramente, atuam como tupiniquins não civilizados, mas não abdicam da pose europeizada quando o aspecto é a arrogância de suas posturas e pronunciamentos...
Políticas nacionalistas quase sempre possuem o marcante condão do populismo. Em regra, são praticadas em países subdesenvolvidos que não possuem uma sociedade culturalmente desenvolvida. Em um estilo “Lady Kate” do “é tudo meu”, costumam caminhar para o isolamento no sentido das palavras de Salazar: “Estamos orgulhosamente sós”... Essa espécie de política geralmente é praticada por governos que percebem um ambiente social interno propício para a prática populista, pois o apoio da sociedade é fundamental. De praxe, costumam vir antecedidas de um processo de convencimento midiático pautado na mágica palavrinha “soberania”. Essa palavrinha, de parcas sílabas, passa a ganhar um significado amplo que em sua real acepção jamais possuiu, como forma de se legitimar abusos em nome da nação, em nome do "interesse do povo"... O descrédito das comunidades e investidores internacionais é uma consequência indissociável destes malfeitos... Essas políticas trazem a imediata repulsa de futuros investidores, o fluxo de capital se desinternaliza, precipuamente se acompanhadas de calotes ou indenizações abaixo dos valores de mercado, como de costume...
A nacionalização é a intervenção direta do Estado na figura de agente econômico, uma apropriação coletiva forçada, por ato de autoridade dos meios de produção, o que difere da expropriação que possui caráter de interesse público. Países desenvolvidos que costumam estatizar, intervêem nos serviços de saúde, transporte, educação, quando entendem possuírem condições de prestá-los com melhor qualidade que o setor privado, formando inelutavelmente Estados inchados. Países subdesenvolvidos costumam estatizar a produção econômica, trazer atividades tidas como lucrativas para o domínio público (petróleo e gás, mineração, siderurgia...), em regra sob o argumento falacioso de aumento da produtividade...
O processo de nacionalização, quando legitimado pelo apoio popular na sua ideia, não tarda, perde a legitimidade, tão logo se principie o fracasso no processo de execução, pois o revés nos resultados prometidos quase sempre, de logo, se percebem, e, nestes casos, a legitimidade inicial transmuda-se em conflitos entre o poder estatizante e a sociedade ludibriada. Imaginar um país não muito firme das pernas, que por sua política nacionalista acaba internacionalmente desacreditado, se tornando um país de alto risco para investimentos externos, reduzindo a internalização de capital humano e financeiro, não angariando empréstimos com facilidade, sofrendo um quase embargo econômico dos países investidores; as chances dessa espécie de política excludente lograr êxito é mínima.
Vale notar, que governos com ares ditatoriais, centralizadores, mostra a história são os mais fidedignos às políticas de nacionalização da economia. Ainda não se pode claramente afirmar que seja esse o intuito do governo de Cristina Kirchner, mas vale lembrar, que a Argentina é uma das participantes do “Foro de São Paulo”, que abertamente apóia as Revoluções Cubana e Sandinista e busca a união da América Latrina contra o imperialismo e as forças neoliberais para criação de um continente socialista em nome da “soberania” dos seus participantes... Olha o vocábulo soberania carregando um peso além do que pode aguentar...
E o Brasil nisso tudo? Elementar meu caro... Cristina, inclusive, sabendo que negociar com o Brasil PT é como roubar pirulito de criança já se pronunciou no sentido de esperar investimentos brasileiros que ajudem nesse processo de nacionalização, pois tem a situação da Bolívia para servir como paradigma... O Brasil investe, toma um cabuloso calote em nome de Juan Domingo Perón no processo de nacionalização, e o Brasil PT ratifica em nome da soberania Argentina... Enquanto a comunidade internacional como um todo reprova a atitude Argentina, o Brasil na voz do “Patriota” aprova. Em nome de quê? Em nome de quê? Da sobrecarregada soberania... É verdade que nada diferente poderia se imaginar, já que o Brasil PT foi esbulhado pelas ditaduras vizinhas e apoiou o esbulho com a mais ridícula omissão... A nossa soberania? Que nada, só temos soberania quando em conflito com os países “imperialistas”, para com nossos vizinhos nossa soberania se faz de quatro, nós mandamos e eles metem gostoso... E não somos soberanos? Claro que somos, só ficamos de quatro quando queremos!
Os empresários brasileiros investidores nesse mercado de alto risco certamente estão de orelhas levantadas, cabelos em pé e se depender das autoridades de nosso país de quatro à espera da próxima trolha soberana...

Sem mais.

6 comentários:

André Macedo disse...

Bom texto,
O que me deixa pensando é a forma como o Brasil "apoia" este neo-caudilhismo que se prolifera a passos rápidos na América Latina...
Mais ainda, tenho medo de qualquer coisa parecida com totalitarismo, afinal, ditadura... Seja verde, amarela ou vermelha é sempre ditadura!

Selma disse...

Perfeito!!
Claro, objetivo, bem fundamentado e sarcástico no ponto. Seu blog é maravilhoso! Você escreve mais a onde? Bem diferente do que vejo, foge do que todos escrevem. Vou acompanhar! Li mais os dois texto abaixo e fiquei boquiaberta. Sou psicanalista e virei fã da sua forma de escrever. Tem muita personalidade.

Nunes disse...

Hahaha
Impecável! Los hermanos irão te adorar.
Realmente muito bom seu blog.

Anônimo disse...

Companheiro, leio muito, mas faz tempo que não leio textos tão bons como os seus. Costumo ser muito crítico, você merece apenas elogios. Com um cuidado impressionante com a linguagem só vi texto inteligentes e repletos de conteúdo. Li seus últimos 4 texto de uma só vez. Parabéns.

Rafael Farah disse...

Seu blog é sensacional, cara. Realmente um tiro de espingarda na cabeça de muitos.

Gostaria de convidá-lo a dar uma olhada na Crase, uma revista com tanta acidez quanto este blog e, talvez considerar fazer parte da família.

O endereço é www.revistacrase.com.br

Muito sucesso pra você. Nunca pare de escrever! Agora que descobri o seu blog, não largo mais.

Fabiana disse...

Gostei demais da sua linha. Lê-lo causa amor ou ódio, gosto disso!