A única coisa presente em nossas realidades quando se fala em Estado é sua ausência, pelo menos na forma que deveria estar presente. Em matéria de Segurança Pública é risível sua atuação. Qualquer Zé-mané, que não tenha muito a perder encontra um vasto campo de atuação no mundo do crime. Neste mundo o dinheiro corre fácil e vem de todos os lados. Trata-se de um negócio tão lucrativo que desperta o interesse até do próprio estado, que chamarei de legítimo, que se traveste numa irrepreensível e salutar ausência de transparência. Quando desvendado pelo inevitável, a culpa é fruto de uma corrupção pontual que geralmente encontra fundamento final em seu histórico problema social.
Estado e crime vivem hoje como uma perfeita relação adulterina. Embora falido seu casamento com a lei, procura demonstrar-se fiel ao seu juramento ante a sociedade, mas vive uma proibida e irresistível paixão pelo crime. A sociedade não sabe mais a quem recorrer quando o assunto é segurança, o tiro pode vir do Estado legal ou do Estado sem lei, se é que o primeiro existe.
As comunidades de baixa renda vivem mais de perto este paradoxo. Lá a atuação do que apelidaram de estado paralelo recebe a proteção do Estado legítimo, já que chamá-lo de legal é para mim difícil. A corrupção fomenta uma liberdade, delimitada territorialmente onde o Estado se faz anárquico. Lá, manda quem pode obedece quem tem juízo. Enquanto o poder paralelo se mantiver longe da fama, dos flashes, trabalhando dentro de suas competências, o acordo entre os dois estados estará garantido. Mas como sabemos, o estado goza de privilégios quando contrata com particulares e o risco de quebra de contrato é sempre possível, já que os mesmos flashes proibidos a um dos Estados são sempre bem vindos quando dirigidos ao outro, são as chamadas cláusulas exorbitantes...
Hoje três Estados lutam pelo domínio das principais bocas do Rio. De um lado temos as milícias, nova espécie de Estado laranja, que não deveria aparecer, mas percebeu que para ter o poder basta querer, ter vontade, que agindo como uma espécie de filho desnaturado do outro se libertou atrás de seu próprio espaço começando a incomodar o acordo entre os outros dois. A população está entre a cruz e a caldeirinha, veja você: ou apóia o acordo dos dois Estados continuando tudo como antes, vivendo dominado pelo paralelo com todas as diversidades de emoções de uma vida radical, tendo o verdadeiro aprendizado do que é a vida sem necessidade da escola ou opta pelo novo modelo, que em troca de uma quantia mensal e um tanto de opressão, ganham a garantia do sossego e de uma certa ordem que o Estado legítimo tinha o dever de dar, mas não tem o interesse de oferecer. Dúvida cruel... Ia me esquecendo do estado legal...mas este...
Até quando o Estado vai se mostrar impossibilitado aos olhos dos flashes para combater um crime que de organizado só tem o nome, que conta com um exército de meia dúzia de desnutridos e um analfabeto no comando? Meia dúzia de furões do esquema já estão desmoralizando o monstro criado no imaginário popular, e essa luta do estado legítimo contra o novo estado para devolver o poder para o paralelo e tudo continuar como antes, pode ficar um tanto comprometedor...
Particularmente quero torcer para que o estado legítimo não perca sua legitimidade por completo, torcendo ainda para que um dia possa adjetiva-lo também como legal...
Estado e crime vivem hoje como uma perfeita relação adulterina. Embora falido seu casamento com a lei, procura demonstrar-se fiel ao seu juramento ante a sociedade, mas vive uma proibida e irresistível paixão pelo crime. A sociedade não sabe mais a quem recorrer quando o assunto é segurança, o tiro pode vir do Estado legal ou do Estado sem lei, se é que o primeiro existe.
As comunidades de baixa renda vivem mais de perto este paradoxo. Lá a atuação do que apelidaram de estado paralelo recebe a proteção do Estado legítimo, já que chamá-lo de legal é para mim difícil. A corrupção fomenta uma liberdade, delimitada territorialmente onde o Estado se faz anárquico. Lá, manda quem pode obedece quem tem juízo. Enquanto o poder paralelo se mantiver longe da fama, dos flashes, trabalhando dentro de suas competências, o acordo entre os dois estados estará garantido. Mas como sabemos, o estado goza de privilégios quando contrata com particulares e o risco de quebra de contrato é sempre possível, já que os mesmos flashes proibidos a um dos Estados são sempre bem vindos quando dirigidos ao outro, são as chamadas cláusulas exorbitantes...
Hoje três Estados lutam pelo domínio das principais bocas do Rio. De um lado temos as milícias, nova espécie de Estado laranja, que não deveria aparecer, mas percebeu que para ter o poder basta querer, ter vontade, que agindo como uma espécie de filho desnaturado do outro se libertou atrás de seu próprio espaço começando a incomodar o acordo entre os outros dois. A população está entre a cruz e a caldeirinha, veja você: ou apóia o acordo dos dois Estados continuando tudo como antes, vivendo dominado pelo paralelo com todas as diversidades de emoções de uma vida radical, tendo o verdadeiro aprendizado do que é a vida sem necessidade da escola ou opta pelo novo modelo, que em troca de uma quantia mensal e um tanto de opressão, ganham a garantia do sossego e de uma certa ordem que o Estado legítimo tinha o dever de dar, mas não tem o interesse de oferecer. Dúvida cruel... Ia me esquecendo do estado legal...mas este...
Até quando o Estado vai se mostrar impossibilitado aos olhos dos flashes para combater um crime que de organizado só tem o nome, que conta com um exército de meia dúzia de desnutridos e um analfabeto no comando? Meia dúzia de furões do esquema já estão desmoralizando o monstro criado no imaginário popular, e essa luta do estado legítimo contra o novo estado para devolver o poder para o paralelo e tudo continuar como antes, pode ficar um tanto comprometedor...
Particularmente quero torcer para que o estado legítimo não perca sua legitimidade por completo, torcendo ainda para que um dia possa adjetiva-lo também como legal...
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