24 dezembro, 2010

POLÍTICOS NA CADEIA? ISTO JÁ FOI UMA VERDADE...

REMONTANDO UMA HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA:
Se a história tende a se apresentar cíclica, ainda há esperança...
Em 1631, os membros do Senado da Câmara do Rio de Janeiro solicitaram a construção de um edifício especialmente projetado para servir de sede para a cadeia e para Câmara, como era comum nas cidades coloniais da América Portuguesa.
A coroa portuguesa autorizou as obras em 1639 e o mestre-pedreiro Francisco Monteiro foi contratado para executá-las. Escolhido o local, próximo ao largo do Carmo, ao lado da igreja de São José, a obra demorou mais de 20 anos para ser concluída.
Em 1663 foi iniciada a construção de um segundo pavimento, em 1747 se concluiria uma nova reforma no prédio da Cadeia Velha, que adquiriu então o seu tradicional aspecto. Com a instalação da família real portuguesa no Paço, em 1808, os serviçais da coroa foram acomodados na antiga cadeia, que passou a ser ligada ao edifício vizinho por um passadiço.
A Cadeia Velha notabilizou-se por ser a sede da Assembléia Constituinte, da Câmara dos Deputados no Império e durante as primeiras décadas da República. Foi demolida em 1922 para dar lugar à construção de um novo edifício-sede, mais imponente para a Câmara dos Deputados: o Palácio Tiradentes, portanto neste instante a história começa a mudar e se voltar contra o povo... Ocorreu uma espécie de fuga em massa da classe que um dia se tornaria a organização criminosa mais representativa de nosso país...
Hoje como se sabe, os "nobres" Deputados não possuem mais a cadeia como endereço, nem a velha, que não existe mais, nem as as de formato tradicional, embora o instinto criminoso venha atravessando gerações... Armaram-se de uma superestrutura que os mantém incólumes por sua rapinagens erárias. Montaram durante os anos um conglomerado de leis protetivas de ordem constitucional, que os imunizam e os mantém impunes por suas torpezas morais, lato sensu...
Retornando a cadeia velha do Rio de Janeiro, uma das primeiras prisões brasileiras, tinha capacidade para 150 presos (em sua acepção literal), mas comportava 253. Foi então que o então vice-governador escreveu uma carta ao Rei pedindo dinheiro para aumentar a prisão, caso contrário teria ordenado: “que não se prendessem os que delinquissem  por não haver espaço suficiente para os manterem recolhidos”
Deu-se início a impunidade política no Brasil... Surgiu neste momento da história, ainda sem o "nomen iuris" atual, a ideia da impunidade. Quem cometesse crimes naquelas circunstancias não seria recolhido a cadeia, manteria-se solto, sem a devida pena privativa de liberdade... Esta ideia foi incorporada pela classe política contemporânea aos dias hodiernos, diferenciando-se tão apenas a feitura de uma prévia seleção das pessoas que o sistema permite o cometimento de crimes (imunes, blindadas). Na seleção dos imunes encontram-se os membros do sistema político de poder, estes nesta lógica ficam impunes por não haver mais espaço prisional para se segregar... Seria esta a lógica para omissão do poder público na construção de presídios? Para que se mantenham em eterno estado de superlotação e não se possa prender os selecionados pelo sistema que delinquirem? A este estado medonho que se percebe poder-se -ia denominar de: "A herança maldita da Cadeia Velha"... 
Em 1767, o viajante inglês John Luccok escreveu que a Cadeia Velha parecia uma jaula de animais ferozes, e acrescentou ainda, que “roda-de-pau” era o nome dado às surras que os carcereiros davam nos detentos. Esta é sem dúvida uma parte da história que a sociedade sonha com seu retorno, o dia em que parte dos políticos deste país não colocassem a sociedade na "roda de pau" como hoje se sucede, mas saíssem do status de sujeito ativo desta prática, da figura de carcereiro, fazendo assim representar a vontade popular para a qual foram eleitos, vindo a corporificar os sujeitos passivos da "roda de pau"... Quem não sonha ou ao menos sonhou em ser o carcereiro desta história? 
Aos poucos, como se percebeu ao longo da história, os "nobres" Deputados, eleitos como "legítimos representantes dos interesses do povo" passaram a adotar a praticada hoje política da autotutela dos interesses privados, em nítida contraposição aos interesses de seus representados. Este fato, corroborado ao profundo estado de demência social, talvez se revelem nos grandes impecílios para que a "roda de pau" se faça presente no lombo desta indigna profissão de prostituição moral que é a de político neste país  ...
Ao invés de regenerados pela cadeia velha, mostra a história, que nossos Deputados saíram degenerados e prontos para o processo de vingança social ao longo do tempo, como se fossem eles os penalizados com a "roda de pau" ...
É na raíz da história, que encontro a explicação da classe dos usurpadores sociais, os políticos deste país, que ao se mostrarem candidatos a um mandato político incorporam todo ódio espiritual contido na cadeia velha e se vingam pelo lugar que ocuparam durante tantos anos e que jamais deveriam ter deixado... Se nestas condições houvessem permanecido, ser político não teria se tornado a sonhada profissão dos dias de hoje, poderíamos quem sabe falar de vocação...
Somos portanto, regidos pelo espírito do Cadeião, que incorpora cada político eleito deste país assim que adentra ao recinto dos cadeiões mais modernos e planejados em Brasília por Oscar Niemeyer...

Segue a imagem da cadeia velha em seu desenho tradicional, pois a cadeia nova vocês já conhecem em seu aspecto exuberante, entendendo por isto discipiendo trazê-la neste post:
PS: Esta crônica mistura dados reais e analogias fictícias com a realidade. Em nenhum momento busco incitar qualquer tipo de violência física por parte da sociedade em resposta a violência moral que sofremos diariamente em nossas dignidades...

7 comentários:

Mônica Assumpção disse...

Motivador! A história é cíclica, quem sabe...

Excelente sua analogia, o aspecto histórico e a sua forma de escrever. Parabéns e bom natal!!

Rafa Matos disse...

Leo, heheeh

Bela sacada, só podia ser vc mesmo.
Bom natal aê!

Anônimo disse...

Ai se fosse possível...
Muito boa sua ideia. Continue criativo nos presenteando com qualidade!
Belo fim de ano!

Professor Clóvis disse...
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Professor Clóvis disse...
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Professor Clóvis disse...

Admiro quem tem o potencial de trazer a história para os dias de hoje criando uma analogia bem temperada como você faz. Você é um talento.

Bom fim de ano!

Paulinho Dhi Andrade disse...

Meu amigo, vou ler mais aqui assim que me desocupar... mas adiantando logo, vejo que a garra na qual se dedicou no blog, a pimenta vai arder.

Obrigado por nos brindar com essa bebida apimentada.
Parabéns!