A expressão desenvolvimento sustentável, embora fantástica
em sua preambular concepção finalística, macula-se por sua insofismável ausência
de aplicabilidade. A distância entre seu ideário conceitual e sua efetividade
prática é abissal e quase que intransponível, tendo em vista o desequilíbrio dos
interesses capitaneados.
É um eterno embate entre capital e meio-ambiente onde o
desenvolvimento pouco cede para sustentabilidade. A cada encontro entre as
nações globais, passos de cágados são firmados, e desses, grande parte não
executados, em um circo de protocolos de intenções que empurra para amanhã a
solução do problema de ontem, de um amanhã que insiste em não chegar...
O "desenvolvimento sustentável" procura satisfazer as necessidades da
atual geração sem sacrificar a capacidade das futuras de satisfazerem as suas.
Tem como foco possibilitar que as pessoas no presente e no futuro atinjam um
satisfatório nível de desenvolvimento social e econômico, de realizações humanas
e culturais fazendo-se um uso racional dos recursos da terra, preservando as
espécies em suas condições naturais de vida e habitat. Lindo!
Um conceito estruturalmente muito bem acabado por sua
nobreza altruísta, e claro, politicamente correto. E daí? A ideologia Nazifascista
é extremamente excludente e egoísta e não deixou de ser ardorosamente defendida
por seus praticantes exterminadores de vida. As guerras, que todos têm consciência
de seu potencial deletério e de sua brutal e insustentável ignorância fazem
parte da história humana e encontra defensores de suas inevitabilidades... O
comunismo, tão sufragado em outrora e ainda defendido com fervor por muitos,
matou, exterminou incontáveis vidas por ideologia.
Engana-se quem imagina que a conta final será paga pelo meio
ambiente. Esse, conjuntamente, tem uma sabedoria de milhões de anos, suficiente
para encontrar suas defesas e soluções de regeneração. Na natureza se foram os dinossauros
e outras espécies surgiram, parte do que era verde e alto tornou-se marrom e
rasteiro, algumas exuberâncias do ecossistema adaptaram-se as novas realidades
impostas pelo homem, mas ao final, o homem terá que se adaptar às hostilidades
que ele mesmo criou... Será que o homem terá o mesmo poder de regeneração da
natureza? O homem em sua concepção maior, um matador e um suicida por natureza,
em toda sua ébria inteligência conquistada por uma centena de livros lidos e
algumas décadas de vida vividas, será, ao final, o homem em sua concepção menor,
muito provavelmente, cavalheristicamente, pagará a conta com a sua extinção
natural.
A verdade é que o homem não se mostra capaz de compatibilizar
o desenvolvimento com sua responsabilidade para com as futuras gerações. Se
tecnologias sustentáveis trazem avanços para essa relação, esses avanços são
ínfimos e extremamente onerosos em relação às necessidades que são prementes. O
ponto ideal entre o antropocentrismo e o ecocentrismo é algo que se faz
incompatível pelo dominante egocentrismo humano que a história não nos cansa de
reprisar.
Faticamente é de fácil demonstração do que assevero. Quem
mais polui o planeta são as nações desenvolvidas e as que estão em processo de
desenvolvimento. Quaisquer dessas economias perderiam em competitividade se
investissem maciçamente em tecnologias limpas de desenvolvimento, pelo seu alto
custo e por seu déficit de resultados quando comparadas às tradicionais
poluidoras. Qual nação abriria mão de desenvolver-se e de seu potencial de
competitividade? Nenhuma. É utópico também imaginar que todas teriam capacidade
de produzir tecnologias limpas, tão utópico como cogitar da adesão global a esse
oneroso objetivo. Na Rio+20, Barack Obama, a chanceler da Alemanha Angela
Merkel e o primeiro-ministro da Inglaterra David Cameron não estarão presentes,
justamente os Chefes de Estados que respondem pelos maiores poluidores do globo
e que teriam que abdicar de uma cota maior de seus desenvolvimentos pela “sustentabilidade”
do planeta...
Some-se a isso a profunda crise que as nação desenvolvidas e em desenvolvimento vêm enfrentando, acho que nem acreditando em Papai-Noel dá para acreditar na Rio+20... Alguém minimamente antenado acredita que os grandes poluidores farão concessões que reduzam seus desenvolvimentos em proveito de uma sustentabilidade ambiental? Em caso positivo, você certamente teme o Bozo, não?
Some-se a isso a profunda crise que as nação desenvolvidas e em desenvolvimento vêm enfrentando, acho que nem acreditando em Papai-Noel dá para acreditar na Rio+20... Alguém minimamente antenado acredita que os grandes poluidores farão concessões que reduzam seus desenvolvimentos em proveito de uma sustentabilidade ambiental? Em caso positivo, você certamente teme o Bozo, não?
É tudo como uma CPI tupiniquim, que tem como objetivo principal
fazer graça e cultivar-nos a arte de sermos palhaços... Aliás, não é a toa que
o brasileiro é considerado o povo mais feliz do mundo, que consegue achar um
sorriso até da desgraça... Temos rotineiramente CPIs e temos sido os escolhidos
para esses grandes encontros que buscam viabilizar formas de desenvolvimento
sustentável... Resta inelutável, que é sim, o Brasil, a capital mundial da
graça. Pensou em diversão? Pensou em palhaçada? Escolhamos o Brasil como
destino! Devemos nos orgulhar?
Avanços? Acredito, mas nada que mereça qualquer destaque, nada que mude qualquer realidade...
Atualização:
Resolvi atualizar o texto que fiz antes do documento haver sido discutido e ser considerado pronto para ratificação dos Chefes de Estado. Conforme antecipei a Rio+20 foi um sonoro fiásco, sem nenhuma ambição revelou-se muito mais prosa que conteúdo. Os principais pontos não apenas não foram definidos como não se estabeleceu qualquer prazo para retomada de discussões. Definições como o que seria Economia Verde, como as indústrias podem ser mais eficientes, agredindo-se menos o meio ambiênte, racionalizando a exploração dos recursos produtivos, nada se definiu. Faltou concretude, estabelecimento de metas não apenas para o poder público, mas para as empresas do setor privado que produzem poluindo. O documento não revela ainda quem será o grande financiador do desenvolvimento sustentável. O fundo de 30 bilhões, que constava no texto original, foi retirado por pressão dos países maiores poluidores e detentores de capital, dos que seriam naturalmente os grandes financiadores do desenvolvimento sustentável. O Brasil, como país sede, revelou-se morno e sem pulso para fazer valer seus interesses e dos demais países em desenvolvimento. Muita mobilização, muito barulho, para quase nada...
Avanços? Acredito, mas nada que mereça qualquer destaque, nada que mude qualquer realidade...
Atualização:
Resolvi atualizar o texto que fiz antes do documento haver sido discutido e ser considerado pronto para ratificação dos Chefes de Estado. Conforme antecipei a Rio+20 foi um sonoro fiásco, sem nenhuma ambição revelou-se muito mais prosa que conteúdo. Os principais pontos não apenas não foram definidos como não se estabeleceu qualquer prazo para retomada de discussões. Definições como o que seria Economia Verde, como as indústrias podem ser mais eficientes, agredindo-se menos o meio ambiênte, racionalizando a exploração dos recursos produtivos, nada se definiu. Faltou concretude, estabelecimento de metas não apenas para o poder público, mas para as empresas do setor privado que produzem poluindo. O documento não revela ainda quem será o grande financiador do desenvolvimento sustentável. O fundo de 30 bilhões, que constava no texto original, foi retirado por pressão dos países maiores poluidores e detentores de capital, dos que seriam naturalmente os grandes financiadores do desenvolvimento sustentável. O Brasil, como país sede, revelou-se morno e sem pulso para fazer valer seus interesses e dos demais países em desenvolvimento. Muita mobilização, muito barulho, para quase nada...
2 comentários:
Caro Sarmento,
Inegável sua análise, infelizmente. Parabéns pela qualidade e esmero dos seus textos. Me impressionaram muito.
Concordo em gênero, número e grau. excelente!
Postar um comentário