As repercussões do assunto Amazônia tem alcançado proporções que os mais céticos, há alguns anos, teriam como improváveis, ou melhor, desta forma foram encaradas conforme mostrarei, e está aí todo o cerne deste embrólio em que o Brasil se meteu...
No dia 18 de maio, o New York Times publicou, conforme já discorri infra, reportagem com o título: Afinal, de quem é esta floresta tropical? O texto é basicamente descritivo, mas aponta como "bem estabelecida" a tese da "importância global" da Amazônia como reguladora do clima. O autor lembra um comentário feito em 1989 pelo senador Al Gore, depois vice-presidente dos Estados Unidos e ganhador, em 2007, do Prêmio Nobel da Paz: "Ao contrário do que pensam os brasileiros, a Amazônia não é sua propriedade, mas pertence a todos nós." Vale lembrar, que Gore visitou o Brasil no ano passado e nenhuma viva alma lhe cobrou as palavras ditas quase 20 anos antes. Tomada pelo valor de face, aquela declaração já era à época um gesto hostil...
No mesmo ano o presidente da França, François Mitterrand, tirou uma conclusão famosa de sua tese sobre o "direito de ingerência": "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia." Descartados como irrelevantes pelas autoridades brasileiras, em um verdadeiro sentido de política irresponsável já à época por aqui praticada, abusos desse tipo multiplicaram-se. Há dias, o jornal britânico The Independent lançou em um de seus editoriais a renúncia da ministra Marina Silva, propôs um programa conjunto de preservação da floresta e concluiu: "Essa parte do Brasil é importante demais para ser deixada aos brasileiros.
É de clarividência meridiana que não faltarão governos, políticos, ONGs e grupos de comunicação dispostos a apoiar de forma cada vez mais aberta e mais articulada a interferência no território brasileiro. Muitos desses grupos já atuam no Brasil e agem sem o mínimo controle na Amazônia, como já foi indicado por testemunhos de militares, técnicos e políticos, como o deputado Aldo Rebelo. Ninguém sabe com segurança a quem servem as ONGs, missões de igrejas e outros grupos atuantes na região. Há evidências de sobra para justificar, sem qualquer fantasia conspiratória, as mais sérias preocupações.
De início, o desgoverno brasileiro deve firmar um compromisso interno de rejeitar qualquer tipo de financiamento externo com vistas à projetos na Amazônia. Manter o capital internacional o mais longe possível da imensidão verde já era, mas agora notoriamente, questão de soberania. Deveria este desgoverno retirar posseiros da região verde,oferecendo-lhes oportunidades de plantio em lugares despidos de conflito entre nações como virou a Amazônia, pois são esses posseiros amplamente susceptíveis à outro tipo de verde ($), que antes apenas colaboravam com o desmatamento, que devagarzinho estão internacionalizando a Amazônia. Inclusive há o exemplo de um empresário Inglês já adquiriu um invejável pedaço de floresta e declarou que desta forma estaria cuidando do mundo...
Não quero nem de longe dizer que o Brasil não deva assumir compromissos multilaterais no sentido de preservar a Amazônia, pelo contrário, resta imperioso seguir uma política antagônica com a praticada internamente com nossos bens naturais, como a perpetrada pelos EUA, que aliás se negou a assinar o Protocolo de Kioto, mesmo sendo o maior poluidor mundial, sob o argumento de que o crescimento não poderia parar... Levanto uma questão: Alguém à época ventilou a possibilidade de internacionalizar parte dos EUA? Não me lembro... Mas não custa lembrar que Brasil não é EUA, e que diferente dos Ianques...
O grande combustível do argumento internacional de intervenção na Amazônia, além é claro da riqueza de seu subsolo (implícito), é a incompetência de gestão. Se o desgoverno não coibir eficazmente o desmatamento, esquecendo qualquer tipo de política desenvolvimentista às custas do verde, até que se encontre uma política transparente e menos corrupta de desenvolvimento sustentável, o Brasil estará sem medo de restar-me leviano, na linha limítrofe de perder nossa soberania pela saúde mundial...
Mangabeira, ainda ao que parece não acordado de seu sono profundo, declarou que o objetivo do PAS será desenvolver uma estratégia de zoneamento para a Amazônia com floresta e outra para a Amazônia sem floresta. Disse ele: "Vamos acabar com essa ficção de haver uma guerra entre ambientalistas e desenvolvimentistas. Esse não é o problema. O problema é que nós ainda não formulamos as medidas necessárias nem para defender a floresta, nem para desenvolver a Amazônia"... Está faltando o príncipe para acordar a bela adormecida... Espero que não estejam esperando o nosso Presidente, pois senão temo que a ficção não se realize...
Por último, como salientei no outro post, o ideal seria exatamente o que nosso Ilmo já descartou, seria retirar do ócio dos quartéis nossos milicos, e dar-lhes a verdadeira função de proteção de nossa soberania, porém... E não me venham colocar meia dúzia de uma guarda porventura criada e falar que a Amazônia é nossa e está protegida... Se os interesses ($) das madeireiras não forem suplantados, e não se promover uma política de ordem e proteção efetiva, o número de corretores internacionais que estão vendendo a Amazônia no exterior irá se multiplicar, e os vinte mil campos de futebol já vendidos, internacionalizados, que já falam outras linguas farão da Amazônia cada vez mais uma região poliglota, será cada vez mais do mundo...
Nesse momento, lembro-me que nosso líder barbudo apoiou a política de nacionalização de Evo, que expulsou-nos como um verdadeiro ditador da Bolívia, sem qualquer tutela jurídica que o respaldasse, nos dando um verdadeiro cano sem gás... Será que algum dia vou invejar o Presidente da Bolívia?
Um lembrete para costurar as minhas colocações fica por conta da máxima, de onde há fumaça há fogo. Há vinte anos já diziam que a Amazônia não era do Brasil, mas não tinham elementos para tomá-la para si, hoje têm...
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