26 junho, 2008

"A DEUS"!

Qualificar a pujança de sobriedade e austeridade deste símbolo de honestidade, que saiu do anonimato exclusivamente pelo que representou para a sociedade, mas sempre abdicou das luzes que a cercavam, pois dotada de luz ínsita, que hoje se percebe tão forte e incandescente, que certamente nos cegaria, essa mulher doou sua passagem para prestar crescimento e se foi, mas para sempre estará.
E quem foi esta grande mulher?
A antropóloga Ruth Correa Leite Cardoso nasceu em 19 de setembro de 1930 na cidade de Araraquara (SP). Doutora em Antropologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), trabalhou em instituições como a USP, Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso/Unesco), Universidade do Chile (Santiago do Chile), Maison des Sciences de L'Homme (Paris), Universidade Berkeley (Califórnia) e Universidade Columbia (Nova York).
Dona Ruth, como era conhecida, publicou trabalhos na área de Cultura e Política, tendo como foco movimentos sociais, participação política, imigração, juventude, comunicação de massa, violência e cidadania. Entre as obras que publicou estão "A Aventura Antropológica" (1988) e Bibliografia sobre a Juventude.
Fundadora da organização não-governamental (ONG) Comunitas, Ruth atualmente integrava o conselho diretor da entidade, que atua em projetos sobre democracia e responsabilidade social.
A Comunitas visa a dar continuidade às idéias e ações promovidas pela Comunidade Solidária, programa de combate à pobreza e à exclusão que se fez presente nos dois governos de FHC.
Entre os programas desenvolvidos pela Comunidade Solidária, estão a Alfabetização Solidária, Universidade Solidária, a Comunidade Ativa e Capacitação Solidária. Os programas deram origem aos benefícios Bolsa Escola e Bolsa Alimentação, embriões do Bolsa Família do governo atual, mas claro sem a fumaça poluente do assistencialismo eleitoreiro e venal de hoje...
Não custa deixar claro mais uma diferença: O governo FHC, como característica da família Cardoso, não se amesquinhava em vender seus programas de transferência de renda, ao contrário dos que fazem publicidade até da renda que não transferem...
Ruth, sagaz até os 77 anos, trabalhava de forma não intermitente na ONG Comunitas e com os recursos que buscava na iniciativa privada, aliás, era o que fazia também o Comunidade Solidária, tocava a ONG verdadeiramante não-governamental. Trabalhou até seu fim carnal, mas nem por isso filiou-se ao Partido dos Trabalhadores... Incrível como nunca foi, em real, o marketing da hipocrisia a especialidade desta família...
Vale o pesar da desagradável imposição presencial da General Dilma ao velório de Ruth, que com seu dossiê procurou "esmedalhar" a limpidez de uma honra, mas por sorte do destino o vento estava contrário e sábio como nunca...
Clássica, serena, singela, culta, inteligente, discreta, obreira, transparente, digna, de caráter, um exemplo. Um exemplo para observar o que distancia o simples do simplório. Nada como a aferição do presente pelo passado para notarmos as diferenças e cultuarmos o saudosismo como tática de guerra...Certo é, que mesmo morta permanecerá viva, enquanto outras, mesmo vivas permanecerão mortas...
Fique com Deus!

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