Senti cheiro de esterco quando Cabral aliou-se publicamente a
Lula logo que assumiu o governo do estado do Rio. Quando Paes tomou o mesmo
caminho de convergência, tive certeza que aquele cheiro se avolumaria e esbulhar-me-ia
da possibilidade de cheiros menos caóticos...
Imensurável seria contabilizar quem mais lucrou com essa
aliança nas três esferas da federação. Formada com vistas a dar ao Rio o papel
de protagonista na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos sepultou-se qualquer
possibilidade da efetiva existência de um democrático controle de um ente sobre
outro, em uma espécie de política de freios e contrapesos entre entes da
federação, um perigo abstrato que revelou-nos uma concreta tragédia de convergências superfaturadas.
Nunca se teve notícias de tantas obras superfaturadas no Rio
de Janeiro. Empresas como a Delta, não apenas a Delta, fez emergir contas bancárias
inimagináveis espalhadas pelo mundo entre os membros do esquema, ops, do
governo. Patrimônios estão sendo multiplicados, não se sabe ao certo por quanto,
se por cinco, se por dez, se por vinte, sabe-se apenas que há “dinheiros” sendo
tão bem lavados, que estão se tornando papeis sem cor, sem rastro; cabulosa
situação... A Delta, a escolhida do PAC, foi a escolhida de Cabral não por
acaso, que a legenda partidária das duas letrinhas de poder não admite sua
convocação para CPI, que revelaria-se uma verdadeira cachoeira de denúncias se não
blindada...
Sergio Cabral, por exemplo, adquiriu uma belíssima mansão em
Portobello estimada no valor de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), no
entanto, declarou ao TRE, em 2010, que o imóvel de muitos quartos, closets e salas, em um condomínio que
possui marina, praia particular, reserva de animais exóticos, heliporto e até
um aeroporto para aeronaves de porte médio, ter o valor de um imóvel popular
que poderia ser financiado pela caixa, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Impressionante
o potencial de investimento do senhor Cabral, capaz de fazer multiplicar valores
tão habilmente... Mas esse Cabral é tão bom, que já adquiriu outra mansão do
mesmo porte, que segundo Cabral, em toda sua humildade, deve representar o
quantum de mais R$ 200.000, 00 (duzentos mil reais), pelo menos na prestação de
contas no TRE... Ah, existe ainda um terreno recém adquirido, todo coberto, que
inclusive a Veja já noticiou, mas se as mansões valem R$ 200.000, 00 (duzentos
mil reais), o terreno deve valer “vintão”... É cabuloso... Enquanto isso o MP e
o Tribunal de Contas onde estão?
E a saúde pública do estado do Rio de Janeiro? Vai bem,
acreditem... E provo! O secretário estadual de saúde do Rio de Janeiro, o nobre
Sérgio Cortês, declarava possuir duas empresas. Uma de consultoria e outra de
energia renovável. Segundo declarações funcionavam em um sobrado no Centro do
Rio. Averiguando-se, poder-se-ia de inopino ser tomado pelo espanto, pois o
sobrado está estranhamente abandonado... O espanto ao continuar a averiguação há
de se denotar maior... As empresas de uma hora para outra foram adquiridas por
um advogado norte-americano de nome imponente, ao menos no âmbito hollywoodiano,
Bruce Wood, que com a magia própria das grandes produções cinematográficas assinou
procuração para o irmão do secretário, Nelson Cortês, conferindo-lhe amplos
poderes sobre as empresas americanas... Pergunto: Será que o advogado norte-americano
contratou os Caça Fantasmas antes da “aquisição” das empresas? Corre à boca
pequena, que na realidade funcionava no fundo do sobrado uma lavanderia
apelidada de “Cortês Lavanderia”, essa informação, vale dizer, não tenho como
cravar nem precisar detalhes... Ah, ia me esquecendo, esse advogado, de pomposo
nome, é um especialista em planejamento tributário de atuação, inclusive, internacional...
Enfim, não vou citar aqui cada negociação “exótica” que a
esse sistema conluiado de entre poderes vem perpetrando, até porque nem
conhecimento fático tenho para isso, nem eu nem ninguém que não participe ou
tenha poderes e vontade político-funcional de investigar... O único fato que
posso afirmar sem qualquer grau de leviandade é que empresas estão enriquecendo
como nunca, administradores acompanhando com suas cotas-parte, e os cofres públicos
sangram e marcam o erário de vermelho sangue em uma hemorragia intensa e contínua,
em grande parte bem distante dos interesses públicos constitucionalmente
exigidos para uma proba administração, de acordo com os princípios da
legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, todas cláusulas
pétreas formatadas pelo art. 37 da CF... Quem perde? Apenas nós, contribuintes
fora do esquema... Vivemos uma temerária “cleptocracia”, que perigosamente
estamos nos acostumando à com ela conviver... Uma triste verdade cada vez mais se avoluma no inconsciente dos discernidos ganhando o campo da consciência: Quem ao poder chega, apodrecido está.
Sem mais...
2 comentários:
Bela matéria rapaz! Muito bom conteúdo e bom senso de humor.
Walter.
É realmente deplorável não ter em quem confiar. Ninguém escapa, se chegou ao poder como vc muito bem disse apodrecido está. Excelentes suas abordagens e os temas escolhidos. Você está de parabéns!
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