O tão aguardado julgamento do mensalão funga nos cangotes
dos senhores ministros e por certo está a causar os mais profundos calafrios...
Cesar Peluso, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Carmem
Lúcia, Rosa Maria Weber, Luiz Fux e Dias Tóffoli, esse último ex-advogado do PT
e membro da AGU no governo Lula, formam o esquadrão de esperança que o PT
aposta na incessante busca pela impunidade...
A Suprema Corte Americana, em junho, deu uma contundente
demonstração de amadurecimento ético, de grandiosidade institucional, que
deveria servir como fiel paradigma ao Supremo Tribunal Federal.
Em julgamento ontológico confirmou a reforma na saúde
aprovada pelo governo Obama, que vale dizer vem sendo considerada o maior
legado de seus quatro anos de mandato. O ponto mais controverso da reforma é o
que obriga todo americano não possuidor de um plano de saúde a adquiri-lo a
partir de 2014.
Até o momento creio pela dificuldade de compreender-se o
laço que une o julgamento do mensalão ao julgamento da reforma da saúde na
Suprema Corte... Pois bem, vamos entender a sutil beleza desse laço?
Resta inelutável a carga política que carrega cada decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, algumas que chegam a exacerbar o
razoável. Não peco pelo exagero em caracteriza-lo como o tribunal mais politico
de nossa estrutura jurídico-constitucional. A política faz-se onipresente não
somente nas decisões de cada ministro, mas desde a constitucionalizada escolha
dos mesmos... Decisões em grande parte encontram-se suas ratios essendi muito mais calcadas em interesses políticos que
propriamente nos estritos limites da lei.
A decisão norte-americana reverbera seu brilhantismo menos
pelo mérito da decisão e mais pela qualidade ético-profissional de quem a
proferiu em última voz. O juiz conservador John Roberts, cuja indicação em 2005
por George W. Bush tivera sido duramente criticada pelo democrata Barack Obama,
foi o voto de minerva que desempatou uma decisão que apresentava-se em 4X4,
decisão que veio fortalecer Obama e enfraquecer as pretensões eleitorais republicanas.
Decidiu segundo sua convicção motivada pelo que entendeu ser o legalmente mais
apropriado, sem que ideologias partidárias dominassem seu ofício judicante.
Agora sim, creio, resta revelado o laço que une a decisão da Suprema Corte
Norte-Americana a vindoura do Supremo tupiniquim...
Teremos um julgamento do mensalão político ou nos estritos
termos da lei? A forma com que Lula escrachadamente traficou influências, causando
constrangimentos públicos como o vivido por Gilmar Mendes, será capaz de
orientar o entendimento de alguns dos ministros? Será que um possível voto de
minerva de um dos ministros apadrinhados do PT será independente, de acordo com
o trazido aos autos do processo? Será que as éticas individuais seguirão em
conformidade com os juramentos perpetrados por cada um dos senhores ministros?
Vale lembrar, que os dizerem não são no sentido do atendimento a seus padrinhos
políticos, mas no sentido de cumprirem os deveres do cargo em conformidade a
Constituição Federal e as leis da República.
Essa decisão tão aguardada e postergada, com prescrições que
já se tornaram realidades, será histórica e revelará uma amostragem se o Brasil
está deixando de ser um país provinciano de “coronelismo” até mesmo nas mais
altas instâncias de poder ou se enfim estamos no caminho para alcançarmos de
fato e de direito uma verdadeira República democrática.
2 comentários:
Parabéns. Os artigos são artesanais. Cada palavra possui um significado dentro do contexto. realmente seus artigos são de extrema qualidade.
Eu não acredito nesse supremo, as decisões estão ai pra serem revistas e concluir: é o pior supremo da história "dextepaíz", justamente porque é um supremo mal nomeado. Eu assisti ao vivo a sabatina de Rosa Weber no Senado, foi de chorar de desgosto. Dias Tóffoli? Advogado de porta... você sabe. Ricardo Lewandowsky? Ficar sentado sobre a revisão do processo aqui mencionado já revela os "motivos" da nomeação. E fico por aqui porque ainda sou capaz de ser preso enquanto os mensaleiros serão festejados em praça pública (pelo menos em São Bernardo do Campo).
Postar um comentário