Não é só no Brasil que os sistemas
são criados e mantidos para fraudar. Se aqui parece ser uma regra sem regras
para regular, nos países onde a corrupção também não se faz de rogada a estória
não é diferente... Com a assessoria de um contador, de um advogado
relativamente bem relacionado e um administrador (laranja) é possível abrir-se
uma rentável lavanderia (offshores)
nos muitos paraísos fiscais espalhados pelo mundo... Em sendo uma “personalidade
pública” bem relacionada e financeiramente com rentável movimentação, bancos privados
podem participar do processo com grande know-how de mercado...
Fala-se aqui de crimes tributários,
contra o sistema financeiro, contra a ordem econômica, mas, sobretudo a favor
do crime. Os poderes corruptos e corrompidos, os detentores do capital e o
crime em sentido amplo, multiplicam seus ganhos, limpam suas imundices sem que
o país de origem, juridicamente, possa muito fazer... São os poderes constituídos e paralelos
misturados e saídos da mesma vala moral os beneficiários dos esquemas, por isso
a mais completa falta de vontade política em se imbricar em uma luta contra a evasão dos "dinheiros" sem lastro, na qual os
poderes figurariam como beneficiários das próprias torpezas, afinal o suicídio
é a mais desesperada das medidas...
Empresas e contas bancárias offshores, em regra, são abertas em
países de legislação de origem inglesa, onde há uma relação entre o oculto
proprietário e o administrador (Trustee),
onde esse mantém uma conta em benefício do outro. O nome do proprietário nem
mesmo os offshores possuem, o sigilo
é total, por isso a dificuldade do poder judiciário dos países de origem em
determinar a titularidade do sonegador/criminoso.
Consabido, que a maior parte do
dinheiro sonegado é produto de Ilícitos (crime/Contravenção penal), como tráfico
de drogas, jogo do bicho, corrupção e desvios de dinheiro público, e outra parcela
de menor expressão tem apenas a finalidade única de sonegação tributária
(evasão tributária).
Os paraísos fiscais são uma
espécie de territórios isolados de regulação própria, de vida autônoma.
Solenemente ignoram as normas de direito internacional que procuram coibir os fenômenos
da lavagem de dinheiro e da sonegação tributária não tributando “dinheiros” e
acabam por ter seus funcionamentos tolerados pelas instituições financeiras
mundiais (FMI, Banco Mundial, BIS) que deveriam regular e combater tais
práticas.
Hoje, pós-crise norte-americana e
em meio à crise europeia (que se tornou mundial) o mundo ameaça entrar em
colapso financeiro. Países economicamente debilitados da Europa que por décadas
foram geridos de forma incompetente e economicamente não sustentável colocam o
mundo na berlinda e a Zona do Euro em cheque. A verdade, é que metade da Europa
está quebrada, sem ativos circulantes e de pires na mão para as potências que
ainda sustentam-se pelas próprias pernas sabe-se lá até quando.
A Grécia, o primeiro a
notoriamente quebrar na Zona do Euro, onde o fluxo de dinheiro evadido para offshores de paraísos fiscais é espantoso,
poderia solver grande parte de suas dívidas se o dinheiro tivesse por lá se
mantido e sofrido tributação. Poderia ter mantido os serviços públicos e
erradicado a pobreza, tamanho o montante desviado... Nesse momento o mundo deve
estar acordando que o crime compensa poucos e penaliza o todo... A solução para crise mundial estaria nas offshores?
Calcula-se, que o valor real
escondido em paraísos ficais possa chegar a surpreendente monta de 32 trilhões
de dólares. China é a locomotiva, seguida pela Rússia, Coréia do Sul e BRASIL.
Nem no ranking da FIFA estamos tão bem colocados, vale dizer... Interessante notar,
que China e Rússia são países de origem comunista que estão em processo de abertura.
Comunismo, que é uma das formas de ditadura onde a corrupção é a seiva que
nutre todo o funcionamento do sistema paralelo de enriquecimento dos membros de
poder. A Coréia do Sul, embora democrática e americanizada, vive sob o barril
de pólvora, a sua irmã Coréia do Norte, o país mais comunista e fechado do
mundo, que faz fronteira com China e Rússia e que está pronta para implodir com
uma população explorada que morre de fome e desnutrição. A influência que sofre
a Coréia do Sul é inelutável e a insegurança em manter por lá o capital
investido uma realidade.
Ah, e nosso Brasil, que tanto nos
orgulha, dessa vez fora do pódio, mas com uma gloriosa colocação entre os
países, em cifras, que mais comete crimes financeiros do mundo... Qual a
explicação para o nosso impostômetro estar batendo recordes de arrecadação?
Simples... O pobre e a classe média não sonegam, e consistem nas duas
esmagadoras maiorias que sofrem tributação com efeito quase confiscatório.
Ocupamos a nobre 4ª colocação, pois os detentores de poder e do capital
declaram em seus IR quantias pífias, que não somam 10% dos seus reais
patrimônios, enquanto os outros 90% corroboram para nossa expressiva colocação.
Aqui o crime está inserido no sistema de poder, um lava a mão do outro para que
possam, ao final, já sem “merdas” visíveis nas mãos, cumprimentarem-se...
Políticos (criminosos) declaram valores surreais ao IR, enquanto as contas e
empresas de offshores nos mantem na
4ª colocação.
Governos que praticam o eleitoreiro
“slogan” “combate pela erradicação da pobreza” em seus países, que retiram
verbas da educação, da segurança e da saúde para distribuir aos seus eleitores
através de políticas populistas, poderiam estar gerindo um país socialmente e financeiramente
sustentável, não fossem alguns dos verdadeiros proprietários anônimos e
beneficiários das offshores localizadas
em paraísos fiscais... Há sem dúvida uma
verdadeira confusão de interesses, onde o público é literalmente pisoteado pelo
privado... “Nunca antes na história destepaiz”
se viu tantas inversões de valores e prioridades a partir de um comprado e
ignorante consenso popular...
Sem mais.
3 comentários:
Muita qualidade, parabéns!
Nossa, alguém maravilha! Só via notícias puras sobre o assunto, enfim vejo um texto de qualidade. Concordo com a Claudia!
Janaína
Nossa, alguém maravilha! Só via notícias puras sobre o assunto, enfim vejo um texto de qualidade. Concordo com a Claudia!
Janaína
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