08 dezembro, 2008

BRASIL, ESTA É A TUA CARA!

Por vezes pergunto-me o porque de meu ideário de soerguer a bandeira de uma democracia mais participativa no Brasil. Respondo-me e procuro algum sentido na falência do sistema representativo corrompido, subserviente, amouco do desinteresse público. Porém, devo confessar, que este auto-questionamento não encontrou uma resposta satisfatória capaz de fazer derivar uma solução que não conflite com a eterna utopia de um Brasil pró-ativo no caminho de um real desenvolvimento sustentável.
Deu-se desta forma trecho do "discurso" de nosso Chefe de Governo e de Estado na tarde desta quinta (4) no Rio de Janeiro quando procurava referir-se à crise mundial:
"Quando o mercado teve a dor de barriga, que foi uma diarréia insuportável, quem é que eles chamaram para salvá-lo? O Estado, que eles negaram durante 20 anos."
Em outra analogia, para enfatizar que, apesar da crise, ninguém deve entrar em clima de desespero, assim se fez expressar:
"Imagine se um de vocês fosse médico e atendesse um paciente doente. O que você falaria para ele? Olha companheiro, você tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência já avançou demais, nós vamos dar tal remédio, você vai se recuperar? Ou você diria: Sifu? Vocês diriam isso para um paciente de vocês? Vocês não falariam", afirmou, arrancando um misto de riso e constrangimento da platéia.

Esta, diria, foi apenas mais uma de suas estrambólicas ações, que me fazem chegar a inevitável conclusão de que a deseducação no Brasil alcançou o status de virtuosidade, a anti-cultura tornou-se o grande paradigma da expressão: "Ele é gente como a gente"... E digo isso, baseando-me em números, pois o desgoverno Lula alcançou segundo pesquisa recente a incrível popularidade de 70% de aprovação, digno de um representante, que tivesse ofertado aos seus, educação de qualidade, saúde com um mínimo de dignidade, cidadania, emprego, condições para que a Federação formada por seus estados-membros tutelassem a Segurança Pública de uma forma satisfatória, que os seus municípios tivessem condições ao menos de prestar o saneamento básico fundamental para nos fazerem diferenciar de ratos e baratas, do esterco de uma vala.
Como poderia sem arrebatar-me pela mais profunda utopia, crer, que este Brasil despido do discernimento em seu grau mais elementar orne pelas mãos de seu povo seu próprio destino? Como um povo, que não conhece o significado de sua força e não sabe diferençar palavras basilares como corrupção, populismo, favorecimento, interesse público, cidadania, hipocrisia, cultura, direitos e deveres fundamentais, impunidade, e que convive em sua maior porção nos ambientes mais hostis à dignidade do ser humano, pode emitir uma manifestação volitiva, que não se "amesquinhe" a um prato de feijão para acordar no dia seguinte com com direito a uma sobrevida?
Como uma Nação com tamanho déficit humano pode pleitear ir além de um voto comprometido com o Fome Zero coalhado pelo mais profundo analfabetismo, funcional ou não?
Quando a mais ínfima parcela de uma "democracia representativa", que se faz perceber através do voto, mostra-se ignorante e corrompida por seus fins, realmente não há como imaginar nada mais ilusório e inefetivo, que o parágrafo único do art. 1º da Constituição Republicana, que assim dispõe:
"Todo poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa constituição."
O parágrafo único deste artigo, programaticamente belo, parece propositalmente colocar uma estonteante mulher, cheio de amor para dar à frente de um pobre entrevado, tetraplégico. Embora crudelíssimo à primeira vista, não posso eu, com o material humano que compõe este Brasil, imaginar qualquer mudança no desenrolar desta história, conferindo uma maior participação popular por meio de uma democracia ideária participativa, sem vestir-me da mais completa irresponsabilidade, pois estaria eu colocando fuzis repleto de balas nas mãos de débeis incapazes e ébrios por opção... Por isso só me resta optar pelo fim constitucional, o de final menos trágico, embora brochante e não efetivo neste país...
Deixo uma perguntinha: Como uma Constituição, tão participativa, tão cidadã, tem sob sua custódia um povo tão omisso, alienado e descompromissado com o interesse social? Essa resposta o Lula encontrou no "prato de feijão" e nos programas da "descultura" e da desinformação, programas fundamentais para a manutenção disto que se chama Brasil.

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