Não sei se trago uma notícia
acalentadora, entendo que não, mas para muitos terá o condão de revelar-se ao
menos intrigante... Sem o objetivo de frear qualquer espécie de euforia
subjetiva que porventura nutra o interlocutor-leitor, que vem acumulando horas
de seus dias ligado, ao vivo, no julgamento do mensalão, reverberando seus mais
profundos sentimentos patrióticos clarividenciados nas redes sociais, devo por
honestidade intelectual firmar que discuto a validade dessa apaixonada comoção
pública, ainda que nesse momento...
Legítimo revelar agora, o motivo
desse balde de nitrogênio líquido derramado em cada espírito patriótico
tupiniquim que nos honra com sua diferenciada visita... Pois bem, passemos aos esclarecimentos:
Todo o procedimento determinado pelo próprio STF por seu regimento interno,
somadas a decisões procedimentais deliberadas pelos senhores ministros, que são
especiais para esse peculiar processo de 36 réus e um sem número de volumes, nessas
infindáveis sessões que deverão ocupar todo o mês de agosto, tudo isso, sinto
dizer, é um protocolar engodo procedimental para inglês ver, ou melhor, para
brasileiro ver, sem qualquer possibilidade de se aventar qualquer mudança dos
rumos já devidamente traçados...
Nesse instante, esclareço, que não
estamos aqui anunciando qualquer crítica nem aos senhores ministros, muito
menos ao necessário procedimento de julgamento. Meu objetivo é unicamente o de
esclarecer com o fito de evitar falsas expectativas. Por ocasião da abertura da
primeira sessão de julgamento do mensalão, em seu minuto inicial, naquele
instante, os votos dos senhores ministros já estavam prontos, lidos e revisados,
aptos para serem proferidos no exato lapso temporal que o procedimento lhes
permitir...
Os senhores ministros vêm a muito
estudando os muitos volumes do processo que foram franqueados pelo
ministro-relator Joaquim Barbosa, e nesse ínterim, preparando seus votos. Isso
explica as pífias e desinteressadas defesas dos renomados advogados dos réus
(já devidamente sustentadas por escrito nos autos do processo) e o eloquente sono
profundo e latente de alguns dos senhores ministros, embora sonos como os que
foram flagrados pelas telas televisivas revelem-se causas que na estrita
literalidade da lei daria azo a anulação da sessão de julgamento, vale dizer. Em breve saberemos se dormiram ou não o sono dos justos...
O objetivo aqui foi tão apenas
acalmar os ânimos da sociedade, e por hora, liberá-la para acompanhar
tranquilamente as olimpíadas, caso desejem... Será importante acompanhar sim, a parte
procedimental em que os ministros revelarão seus votos e o destino moral desse
país. Até lá, todo sono será perdoado e a sociedade não poderá receber o rótulo
de alienada por dar uma voltinha por Londres, ainda que via satélite... O tempo
da pressão por um julgamento justo e não influenciado pelo poder politico já
passou, o destino da maior quadrilha de poder já descoberta desse país já foi
traçado, e em breve, poderemos nos refugiar por nossas vergonhas ou nos orgulharmos
por termos vencido um lobby de poder “nunca
antes visto na história dessepaiz”...
Sem mais
Um comentário:
Bom, sinto-me aliviada e perdoada pela minha alienação temporária, visitas diárias à Londres via satélite. Não entendo a necessidade de tão longos votos. É bem verdade que alguns são ótimos e prendem minha atenção até o fim, mas poderiam ser resumidos, afinal o tempo é curto etc e tal.
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