Causa-me o mais profundo
estranhamento as pífias argumentações que vêm sendo levantadas pelos advogados
mais bem pagos dessa nação, indelevelmente falta-lhes imaginação para melhores
criações... A última que está por eclodir, como membro desta classe, sentir-me-ia
constrangido em propor tal levante, mas o dinheiro pode ser capaz de
reconstruir “cidadãos” ao avesso... Como há os que defendem em uma leitura ampla, que
arte é tudo que causa estranhamento, chamemos as defesas dos senhores advogados
no processo do mensalão de arte, mas não me furtarei de qualifica-las por muitas ocasiões como paupérrimas e de péssimo
gosto, de menor qualidade em sua grande maioria. Muitas firulas orais com pouca afetividade prática.
Digo aos que vêm
acompanhado o julgamento do mensalão, que seremos surpreendidos por mais uma
tentativa de INTENCIONAL de “manobra mobral” pelos senhores advogados dos réus,
capitaneados por Bastos, na tentativa de tumultuar ainda mais o que já se faz
espetaculoso. Protocolizada está uma petição que vislumbra a tentativa de não
fatiamento dos votos e pressiona os senhores ministros sob o manto de um
argumento tosco, despido de qualquer precisão terminológica. Busca-se,
notadamente, lançar argumentos na sociedade colocando-a maquiavelicamente em
erro cognitivo. Julgo estes artifícios como má-fé processual, e entendo,
dever-se-ia ser severamente rechaçado pela Corte maior deste país por meio de
uma aula de ética profissional aos senhores advogados. Independente de tudo isso, invariavelmente ocorreu preclusão.
Utilizar-se da ignorância social
que povoa este país para lançar falsos conceitos deturpadores da realidade é
tarefa da qual advogados com algum nome a zelar não deveriam se prestar, já que
por “ofício” resolveram defender o lado negro da força, apesar de não obrigados.
Espera-se, ao menos, a manutenção de suas dignidades...
Percebe-se notória ignorância até
mesmo entre os que povoam a imprensa desse país, que possuem o ofício de
informar, inclusive em grandes mídias de longo alcance, que desconhecem por
completo conceitos jurídicos e se aventuram em terrenos do qual, por
honestidade intelectual com todos os receptores das mensagens, deveriam abster-se
de maiores digressões para evitar a criação de uma atmosfera de engano social,
mas isso tudo se estiverem de boa-fé na persecução da melhor informação.
Em tempo faço uma ressalva. Há alguns
operadores da imprensa e do direito que conhecem sim dos conceitos e, em tese,
aptos estariam para a opinião, mas revelam-se nitidamente compromissados com
vertentes ideológicas que os fazem renegar a um segundo plano seus
conhecimentos optando pela deseducação social. Um mau serviço prestado a
sociedade, mas que atende seus patrocinadores ou as suas loucuras e elucubrações
na defesa de uma ideológia custe o que custar...
Chamar como pretendem de “julgamento
de exceção” o que está se formatando no STF é recriar o conceito aí sim de
exceção. De exceção não é o julgamento, e nem será jamais nenhum que esteja por
vir, mantido nosso sistema constitucional, principalmente na Casa responsável
pela guarda dos princípios constitucionais (STF, aos desavisados). Conceito
criado por exceção sim, é chamar de “julgamento de exceção” o que se está
observar no Supremo Tribunal Federal, um julgamento que a todo o momento
respeitou e vem respeitando o contraditório e a ampla defesa, a legalidade, a
igualdade e a dignidade da pessoa humana, um julgamento que por conexão
respeitou seu juiz natural, e por tudo isso, o devido processo legal. Lembro,
que o proceder de fatiamento de votos não é uma novidade no Supremo, mas uma
técnica utilizada pelos senhores ministros quando entenderem conveniente para o
melhor proceder. Como o caracterizá-lo como um julgamento de exceção?
O “fatiamento dos votos” é apenas
um modus procedendi que o tribunal
por democrática maioria optou proferir seus votos. Todo esse banzé criado pela
defesa tem por escopo em primeiro lugar provocar o tumulto processual e dessa
forma protrair no tempo o julgamento para que a decisão final fique desfalcada
de um de seus protagonistas (Peluso), que se aposenta. Outra clara motivação é
que o “voto fatiado” deixa em maior evidência cada prática criminosa e seus respectivos
praticantes, o que inelutavelmente refoge aos interesses das defesas que
preferem o turvo ao transparente...
Por isso digo: Cuidado
internautas por suas opções de leituras! Tem “notoriedades” escrevendo
aberrações e sendo compartilhadas com grande entusiasmo apenas por pertencerem a
grandes mídias. Vender ignorâncias a ignorantes, se por detrás de uma grande
marca, pode transmudar-se em inteligências aos mais desavisados e menos
discernidos... A liberdade de expressão deve ser ampla, mas com responsabilidade...
Abramos nossos olhos com filtros!
Sem mais.
4 comentários:
Excelente. O voto fatiado nada tem a ver com o devido processo legal, é só a maneira mais lógica para se ler as decisões de um processo tão grande. Alguns advogados e membros da imprensa nem buscaram entender o que o Min. Joaquim Barbosa disse sobre seu modo de votar e saíram cuspindo opiniões erradas. Ele apenas vai seguir o modo como a denúncia foi feita, por grupos de réus, para proferir seu voto, de maneira mais organizada e clara.
Caríssimo Sarmento,
Suas crônicas e artigos são invejáveis. Extremamente críticos, mas muito bem fundamentados. Suas entrelinhas são fantásticas! Desejo-te tudo de melhor e meus parabéns!
Sensacional! Um artigo culto e nada chato. Parabéns por sua técnica e por seus conhecimentos. Achei interessante você tocar no ponto nevrálgico de parcela da imprensa que não é especializada falando besteiras, e o pior, pertencentes as grandes médias e por isso com grande repercussão. Sempre senti o mesmo.
Sarmento, mais sucesso para você!
Sensacional! Um artigo culto e nada chato. Parabéns por sua técnica e por seus conhecimentos. Achei interessante você tocar no ponto nevrálgico de parcela da imprensa que não é especializada falando besteiras, e o pior, pertencentes as grandes médias e por isso com grande repercussão. Sempre senti o mesmo.
Sarmento, mais sucesso para você!
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