Em um
momento de poder com tendências a perenidade, que restou conquistado
democraticamente nos termos da Constituição, exercido com legitimidade popular
por ex-guerrilheiros confessos, assumidos deturpadores da ordem pública
contestada, que buscavam em outrora a implantação de uma ditadura comunista no
Brasil em substituição a militar, a ordem pública de hoje encontra-se
inexoravelmente sob o manto de uma ameaça quase ainda embrionária de uma
juventude desviada de princípios. Deste fato tratarei a seguir, quanto ao
anseio da implantação de uma ditadura comunista pelos subversivos de outrora o
Foro de São Paulo está até hoje aí para corroborar a tese.
No papel
uma democracia plena formatada pelos constituintes de 88, ainda que pouco
participativa, mas representativa de uma ruptura fática e de direito
incontestavelmente. De fato, uma democracia condutora de obtusos bovídeos, não
discernidos em sua maioria, que está a apresentar uma juventude com fortes
tendências ao anarquismo em suas relações intersubjetivas travadas no âmago de
uma sociedade púbere, inexperiente, ainda de vez.
O homem
(gênero) tem a tendência natural de paradigmar os orquestradores de suas
mentes. O jovem tem na subversão a tentação para se mostrar ideologicamente
diferente do senso comum e ativo transgressor da ordem estabelecida, ainda que
sem qualquer ideologia palatável. Daí extrai-se uma combustão, quando o
banditismo de ontem assume as vestes do poder de hoje e se torna o espelho de
uma geração criada à frente do Playstation, com a sua personalidade ainda em
formação, quando se observa periclitante o choque fenomênico: "Do play
para o mundo", o que esperar?
Recapitulando
fatos, em 2011, parcela dos estudantes da USP invadiu a reitoria em protesto a
presença da PM nas dependências do campus da universidade. A PM, que passara a
patrulhar a universidade após a morte de uma estudante de ciências atuariais
nos limites da cidade universitária após prévia aprovação do conselho gestor
universitário. Protestavam, em suma, pelo direito de fumar maconha sem
repressão no local onde teoricamente seria o de estudar.
Se a
"luta" antes era para implantação de uma importada ditadura
comunista, hoje a ordem pública é desrespeitada sob o fundamento de que a segurança
policial inibiria a atuação livre, comercial e não comercial, dos surumáticos,
popularmente conhecidos como maconheiros, chincheiros, consumidores e
negociadores da cannabis. São momentos históricos distintos, são lutas
"ideologicamente" distantes, mas seriam capazes de fundamentar um vácuo
tão expressivo de percepções de mundo e prioridades?
A luta
da primeira, juventude remota, restou momentaneamente vencida pela
sociedade quando do surgimento da democracia, mas de certa forma parcialmente
perdida pelos guerrilheiros que não lograram o êxito por eles perseguido de nos
transformar em uma Cuba continental. Os mesmos guerrilheiros que, em plena
democracia, democraticamente alcançaram o poder em 2002 e dele pretendem não
mais deixar no melhor espírito ensinado nas lições de Maquiavel.
E hoje?
Qual a luta da "geração Playstation" universitária que vai além dos
"cigarrinhos do demônio"? Sim, pois embora criados no play regados a
base de mamadeira até os 12 anos, se dizem os novos representantes da esquerda
jovem brasileira "pensante"...
Esta nova
esquerda "pensante" que está a surgir é a que acusa o mensalão de ter
sido um golpe da direita, como gostam de dizer, da "privataria
tucana". Que assina um manifesto a favor da "anulação" do
julgamento do mensalão sem ter lido uma folha se quer dos autos do processo com
a certeza de jurisconsultos que não são. Que praticou os trotes mais violentos
da história do país no modelo banalização gratuita da violência e foi salva
pelo salvo-conduto econômico de seus pais. Que geração "pensante" é
está, que está se formando nas universidades? Será conhecida tão somente como a
geração cannabis defensora de um anarquismo contemporâneo de quereres sem
fundamentos?
Pois bem,
o MP/SP denunciou 72 pessoas, a maioria estudantes, pela invasão na reitoria da
USP pela prática dos crimes de formação de quadrilha, posse de explosivos, dano
ao patrimônio público (patrimônio de todos, custeado com dinheiro público) e
desobediência judicial. Somando-se as penas em concurso material chagaríamos ao
máximo de uma pena de 6, 7 anos mais dias multa a calcular, que como em patamar
abaixo dos 8 anos terá cumprimento, caso condenados, em regime semiaberto, que
acredito reste cumprida em liberdade condicional sem faltar o Toddy de todo
dia.
A invasão
a reitoria da USP com o uso de máscaras, porte de explosivos, destruição do
patrimônio público, muitas das características da esquerda guerrilheira de
outrora, mas com causas de pedir diversas. Poder-se-ia dizer, que a esquerda
jovem que se manifestava em meio à ditadura militar seria uma esquerda mais
politizada, ideológica, e a esquerda jovem nascente hoje em meio à democracia é
uma esquerda bucéfala, acéfala, pelos momentos distintos propiciadores de
experiências dissonantes? As ditaduras politizam e as democracias alienam?
Confiro-me o direito de democraticamente abster-me, mas proponho reflexão.
Quero
lembrar, que a juventude estudantil "pensante" que nasce, por óbvio,
não se perfaz apenas dos exemplos da USP. A UNE e principais associações estudantis
são hoje aparelhadas e subvencionadas pelo Governo Federal a partir de dinheiro
público e seguem as linhas por ele traçadas sem a independência ideológica e
institucional desejável. Aceitam acomodados a oferta de uma vetusta ideologia
pré-fabricada.
Temo pelo
lado que esta juventude detentora das possibilidades que a democracia
capitalista ofertou aos seus descendentes possa vir a tomar. A ignorância da
hipossuficiência que não frequentou os bancos escolares foi um mal esperado e
de fundamentos óbvios, nossa pragmática realidade de hoje, mas que surpreendeu
e de certa forma alcançou o poder se tornando espelho. E a ignorância culta e
vitaminada dos tempos democráticos que está a nascer, em que se transformará
além de experts hackers tecnológicos? Pode se revelar algo de consequências
imprevisíveis, mas desde já perigosas e que contará com o aditivo da tecnologia
para descumprir quer a ordem jurídica constituída, quer hierarquias
estabelecidas, ainda que sem qualquer ideologia que vá além de um ímpeto
anarquista. Espero que a banalização dos valores morais da geração da pipa e do
peão, que se mostra displiscente ao atendimento da ordem juridicamente posta
dos dias de hoje, que optou por paradigmar o corrompedor poder constituído
vigente, não sirva de inspiração a essa nova geração de jovens instruída nos
bancos escolares, mas que parece sem percepção de limites, sem discernimento de
sociedade, socializada pelas telas de um i-PAD.
Nenhum comentário:
Postar um comentário