Uma releitura, com uma ditadura agora populista, como tenho batido, não é, definitivamente, uma hipótese reveladora de utopia. A história como a moda, mostra-se cíclica, sempre pronta para uma volta triunfante, com as adaptações de dado momento histórico que se faz contemporâneo. À época da ditadura, com as peculiaridades daquele momento, tivemos como uma de suas marcas o famigerado AI5. Pessoas eram cassadas por suas palavras, a violência estava mais no Estado que no cidadão. Sofria-se de uma violência em sentido lato, eramos violentados em nossa dignidade de ser humano. Hoje tutela-se constitucionalmente essa tal dignidade como clausula pétrea, mas essa, por ser de um conceito jurídico indeterminado, sofre mitigações de toda ordem em sua relação fática com sociedade. O terror da censura de outrora, mostra sérios sinais de ter escapado de um sono profundo. Sem querer citar nomes, ícones de nossa literatura política atual estão sendo limados por suas opiniões escritas e faladas, consolidando, pelo menos à meu ver, a eterna utopia de uma democracia plena e a tendência sempre presente de uma resposta anti-democrática. Filosofando um pouquinho, a democracia encontra seu melhor medidor na palavra, quando esta resta num único sentido é porque democracia não mais há, ainda que aos olhos do povo leigo pareça presente. Um povo sem liberdade de expressão, uma imprensa controlada, vigiada e tolida denotam uma realidade terrorista, que ninguém gostaria de enxergar. A democracia representa o verde de uma sociedade, a cada árvore que se abate representará menos oxigênio à respirar, serei eu um idealista em sonhar com o fim do desmatamento?
Mudando um pouco de assunto, ao que tange a extinção, ainda que moral, não só do Senado, mas do Congresso Nacional, vai aí um sonho, admito, megalomaniaco, mas vamos lá... Por que não fazer um sistema de ratificação de eleição, oude ano à ano, baseando-se nos trabalhos apresentados (PECs e projetos de lei) e na postura do congressista, o povo facultativamente ganharia o direito de ir as urnas participar de um processo de reavaliação e eleição imediata de um novo candidato, caso tenha havido uma rejeição popular àquele mandato, quem sabe num sistema unicameral... Na pior das hipóteses o erário público teria motivo para sorrir.
"Sonhar não custa nada"... o restante não dá para plagear...
A idéia está lançada, aproveitando o restante de uma democracia, ainda que opaca e maculada, que querem fazer não mais existir...
2 comentários:
“Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar essa questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário em cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governa-lo.
Quem duvida disso não conhece a natureza humana.”
Mikhail Bakunin (1814-1876)
Anarquista Russo
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