O governo dos E.U.A, por ocasião da guerra de secessão e em meio à crise institucional pelo qual passava, pronunciou-se de forma esclarecedora se trazida para os dias hodiernos. Disse assim seu representante de Estado à época Abraham Lincoln, 16º presidente dos Estados Unidos:
"Não darei nenhum prato de comida a meu povo, todos que quiserem comer terão que conquistar esse direito com trabalho, nem que seja retirando um vaso de planta de um lado para colocar em outro"
Certamente por aqui alguns o qualificariam de insensível às necessidades sociais, outros no entanto juntariam-se à mim e o apoiariam... Os E.U.A, nos anos que se sucederam a crise, experimentaram um crescimento econômico fantástico, deixando a crise institucional apenas como mais um dado de sua história, graças a luta de um povo incentivado a produzir para ter e não ter para se vender...
E no Brasil de hoje o que vemos? Um governo com uma voracidade arrecadatória confiscatória, promovedor de uma política populita assistencialista de fins eleitoreiros. Por aqui não há incentivo ao trabalho e sim a criação de uma dependência material de base, uma lacuna intencional, que como se viu na história da educação em nosso país não se vislumbra seu término, mas sim sua procrastinação. É a política da vinculação do voto, que de forma grosseira e comprimida resumiria-se assim: "Terás um prato de comida todos os dias em sua mesa, independente do que produzires, é só votares em mim".
Inclusive já houve o anúncio de que Lula irá viajar muito pelo Brasil neste ano (eleitoral), que teria em sua agenda uma série de visitas para inalgurações e para locais onde o governo pratica a política da compra de votos com o erário público, ou do escambo do feijão...
Como se percebe são formas completamente díspares de se fazer política. A primeira há o enobrecimento do trabalho, da luta por conquistas, do investimento na geração de emprego, já o modelo verde e amarelo é o mesmo que se adota entre os poderes de Brasília, o modelo da troca de favores, da compra de votos, uma espécie de tira do povo e bota no povo. Por aqui investe-se os tributos não na geração de empregos, mas sim na compra de votos, na dependência da população da esmola por todos custeada para ser transmudada em feijões e votos. Talvez esteja aí, neste tipo de política, um dos motivos do Brasil ser a eterna promessa e os E.U.A a eterna realidade, a real falta de compromisso com o crescimento social.
A oposição entrou ontem no STF com uma ação alegando a inconstitucionalidade desta política, ainda que apenas, lamentavelmente, nos anos eleitorais, como ordena nossa constituição. Busca-se ao menos nestes períodos o "respeito". "Respeito" as nossas legislações infra-constitucionais e constitucional, "respeito" a dignidade de um povo desvalido em todos os seus aspectos e facilmente corrompível por um prato de feijão, "respeito" a moralidade de um processo eleitoral, ainda que saibamos que amoral permanecerá os outros anos...
A chave do crescimento encontra seus fundamentos precípuos na educação e na geração de empregos, mas possui como requisito essencial indelével vontade política, não compactuando-se com uma de esmola, que se tira e se troca com o povo. Um povo acostumado com esse tratamento é um povo sem referencial ético, sem instrumentos para discernir aspéctos ligados ao moral. Talvez esteja aí o fundamento da inércia deste povo, que se suicida com suas escolhas e nada enxerga além do prato de feijão... Talvez esteja aí a explicação quase cultural da "liberdade" dos que tem o poder, para cometer crimes, e se manterem imunes perante a "justiça" dos homens...
8 comentários:
Não dá para comparar EUA e Brasil, são realidades, políticas, costumes, mentalidades, valores, visões de mundo completamente diferentes. Azar o nosso se fomos colonizados de forma diferente e estamos impregnados até a última geração de valores errados, num sistema completamente errado.
Olá Leonardo,
Obrigado por ter comentado no meu blog.
Achei interessante o seu texto, mas acho que faltou mencionar o papel de Abraham Lincoln na Guerra Civil Americana, como dizer que ele lutou contra grandes latifundiários para libertar os escravos, ou então dizer que no final da Guerra Civil tomaram as terras dos grandes latifundiários do Sul para fazer reforma agrária, coisa digna de um MST não é mesmo? Ou dizer que o governo americano deu a terra dos latifundiários aos negros que eram escravos, coisa que faria feliz qualquer Movimento Negro feliz, só não os que hoje acham as cotas “coisa de racista”.
Realmente eu achei uma maravilha esta comparação do Brasil de hoje com os EUA de 1860! Mas por que não comparar os EUA daquela época com o Brasil daquela época? Olha só, se você acha uma maravilha não dar dinheiro pra quem, segundo você, não trabalha, imagina só aqui que não pagavam até quem trabalhava! Era pro Brasil ser uma potência segundo seu raciocínio.
Mas pena que a moleza americana acabou quando Roosevelt resolveu inventar o food stamp e o social security. Eles podem até dizer que salvou a economia americana, mas você com certeza não...
De qualquer forma, obrigado (de novo!) por visitar meu blog e volte sempre.
Rodrigo
Talvez seja um pouco ríspido de ser dito assim:
O Presidente Lula é quem diz como e quando o dinheiro do Estado vai ser usado.
Vão se acostumando, o Pt vai gastar muito dinheiro em projetos para o bem do povo, coisa nova no Brasil.
Já estamos aceitando arranhar a lei aqui e ali se ajudar o povo, porque a elite política nojenta que nos dominava nunca ligou para esfolar toda a lei se fosse para ajudar quem nem precisava ser ajudado pois já tinha tudo!
O Governo que aí está é valente, lutou a vida toda e está com apoio muito forte, nunca visto neste país, os fariseus da oposição que pensam poder fazer gracinhas pela frente vão se dar muito mal!
Estamos no início de um período de grandes mudanças no Brasil. Vai doer! E geralmente a maioria das pessoas que vivem as mudanças demoram para perceber o processo em andamento...
Rodrigo, foi um prazer recebe-lo;
Quanto a doação de terras, aos negros americanos, da época à que nos reportamos, seria ou não uma reforma agrária em prol do trabalho? Seria ou não dar condições de produzir à uma categoria de pessoas marginalizada pela história? Hj fala-se de reforma agrária, mas pratica-se algo de finalidade desviada. As terras "conquistadas" pelo MST não são utilizadas para o plantio, para trabalho, para produção e sustento de famílias, mas sim para serem negociadas, sem assentamentos, sem função social. A terra é cedida com a certeza de ter seu fim desviado em troca de votos e apoio... Hj aplicasse em geral o instituto da cessão de uso, que como o próprio nome diz é uma cessão e portanto pode ter seu uso cedido, negociado... Nos E.U.A, à época, a finalidade da reforma agraria foi respeitada, propiciando-se trabalho aos excluidos da história, diferente não? Por aqui não se quer trabalhar, se quer lucrar... O MST não sabe falar ou escrever "bisness", mas aprenderam bem seu significado...
Crescimento econômico, os EUA? Desculpe, colega, mas a situação se inverteu nos últimos tempos, não percebeu? A política do salve-se-quem-puder dos EUA não deu certo, é só olhar os jornais. Por outro lado, o Lula (por mais que tenha suas falcatruas) fez o Brasil crescer, gostando ou não.
Em pelo menos uma coisa, acho que o presidente está certo: para que o Brasil se levante, precisamos de todas as classes em equilíbrio. Assim, não adianta falar pro pobre "se vira", se ele não tem como se virar. Não estou defendendo a "política da vinculação do voto", mas sim o companheirismo e o igualitarismo. Porque, ao contrário do que o capitalismo dá a perceber, nem todos têm oportunidades por aqui.
No mais, obrigado por visitar o incêndio!!
Oi Leonardo
Bom, o MST até cooperativa tem, então não dá pra dizer que eles querem a terra só para vender depois. Aliás a luta deles é por muito mais do que terras, eles lutam por financiamento, distribuição da produção. A proposta deles é muito mais profunda que até mesmo o governo atual tem.
Pablo, primeiramente prazer em te-lo comentando em meu humilde espaço.
Quanto ao seu comentário, leio sim jornal, mas procuro uma visão sistemática para formar minhas opiniões, nem tudo que dizem por aí entendo como verdade real, e por vezes me concedo a ousadia de divergir. Se sou adépto da liberdade de expressão dá para imaginar minha postura no que tange a liberdade de pensamento...
Não discuti em nenhum momento a recessão americana de parte da era Bush, mas sim tracei um paralelo de épocas diferentes, pensamentos diferentes, posturas diferentes, países diferentes, ou seja falei de diferenças temporais.
A atual política americana não é a mesma que foi praticada à 40 anos, e também não foi em nenhum momento minha idéia alguma comparação. Essa política praticada hoje é sim completamente equivocada, mas é praticada em um país com uma base de sustentação inexorável, o que faz os E.U.A ter muita gordura para queimar.
Quanto ao "crescimento" do Brasil nos últimos anos, me abstenho, pois pela pergunta irônica que me fez, certamente por leitura de jornais vc não pecaria...
Já no que tange ao equilíbrio de todas as classe a que vc se refere, ouso dizer que a utopia marxista pode estar atrapalhando um raciocínio mais consetânio com a realidade global...
Quanto ao "pobre" ter que se virar, acho que fui claro em meu texto e não é por falta de atenção quanto a sua opinião que estou deixando de debater.
Abraço!
Fala Rodrigo! Sou advogado e tenho um amigo advogado do MST, o que te posso diser é para não se enganar com as aparência... Quem está de fora deve ver legalidade, quem está dentro fica com a realidade... As ONGS tb não fogem à esse comentário, não se engane...
Abraço e esteja a vontade para comentar, será um prazer!
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