O ocidente a partir do impulso
norte americano procura “com as armas brancas da desinformação” opacar
determinadas realidades, surrupiar facticidades para eficazmente confundir
melhores discernimentos. E vejam o porquê...
Os EUA convivem em um período
essencialmente conturbado. Economia protecionista buscando recuperação e
política em máxima ebulição às vésperas das eleições, com republicanos ávidos por
um “salvador” deslize democrata.
Tudo que os democratas precisam
evitar neste momento é serem chamados para se posicionarem sobre temáticas
polêmicas que gerem polarização. Obama cresceu nas pesquisas, mas está longe da
“zona de conforto” de uma vitória garantida. Um mau pronunciamento ou uma
decisão infeliz pode modificar o quadro eleitoral e pulverizar sua vantagem
pouco confortável em favor dos republicanos. É nesta perspectiva de “paz,
calmaria, segurança e esperança” que trabalha a campanha democrata, e mais uma
vez a verdade cede a sobrepujantes razões de ordem políticas...
Ao que tudo indica ser a real verdade
dos fatos, esta em nada se assemelha a apresentada à mídia e pela mídia. E
sobre o que exatamente trato após este introito, que algo se falou e quase nada
se explicitou? Qual a problemática que se apresenta? Pois bem, Chistopher
Stevens, até o evento morte, embaixador americano na Líbia, não morreu vitimado
pelo filme bufão ofensor da crença Islã que pateticamente escrotizava a figura
de Maomé, esta não foi a causa adequada de sua morte como o ocidente insiste em
bradar aos quatro cantos, foi sim, vitimado, por razões políticas, pelo
implacável terrorismo!
Combater o terrorismo requer
atitudes enérgicas e polarizantes de opiniões, semelhantes ao viés imperialista/intervencionista
norte-americano que a muitos incomoda, inclusive eleitores que entendem custar
muito caro aos cofres americanos as vidas sacrificadas ao desrespeitarem
soberanias alheias a título de se impor “democracia”...
Sem muito me alongar partilho a
ideia que democracia não se impõe, se conquista pela sociedade, e é em exato,
nesta seara, que este modus agendi
americano pode comprometer internamente uma eleição colocando a Casa Branca no
paredão de fuzilamento da opinião pública, reverberando o ódio de outras
soberanias. É um perigo eleitoral ligar a morte de um cidadão americano à
política de intromissão praticada pelos Estados Unidos da América...
A “democracia” na Líbia foi
obtida através das forças da OTAN, momento que se devem ler EUA, que
bombardearam uma Líbia ditatorial, mas que havia ordem, encontrava-se unida e
funcionava. A política da OTAN/EUA expurgou o ditador Kadhafi e matou-o com seu
rebento com requintes de máxima crueldade espetaculosa em uma retrógrada
leitura da Lei de Talião, já que os rebeldes líbios nada mais são do que
cidadãos armados que foram catapultados a um poder anárquico pelo imperialismo
americano do governo Obama...
À priori, aos mais desavisados,
não haveria recalcitrância em se caracterizar a expulsão de uma ditadura como
um gesto quase altruísta norte-americano. De fato! Mas o que vem depois? Disseram
que viria a democracia e com ela a liberdade passada nos filmes americanos, não
uma anarquista guerra civil debaixo de “bombas e balas”, nada doce, diga-se de
passagem. Faço lembrar, que não basta a morte de um ditador seguida de pleito
eleitoral para se implantar uma democracia... Imaginemos colocarmos nas mãos de
um sujeito criado em meio ao terror uma bomba e falar: agora essa bomba é sua,
faça bom uso dela e busque a democracia. A guerra anárquica na Líbia toca mais
ou menos neste grave tom, onde os orquestrantes foram os EUA, experts intervencionistas de
soberanias...
A cada ação terrorista voltada
contra um cidadão americano traz-se imediatamente à memória Yankee das famílias ceifadas por dólares
sujos de petróleo, que os governos estadunidenses impeliram os seus a buscar.
Intervenções que definitivamente não lhes pertenciam, que traziam como pano de
fundo e real fomentador a busca de um combustível político-econômico, o “sangue
negro” prospectado de almas perdidas. Nasce aí o ódio patológico que boa parte
do mundo nutre pelos norte-americanos, em especial os povos muçulmanos, que já
deixam a maternidade com um bonequinho do “Tio San” faltando-lhe a cabeça... O
terrorismo não é uma ação isolada de “bandoleiros” como seria a revolta por um
filme malversado, mas uma ação planejada contra um Estado americano
interventor, passível de uma estória a ser reinventada em época eleitoral como
outras históricas que foram reescritas e tornadas verdades. É com base nisto,
que qualquer notícia publicada do ocidente, que tenha como fonte de interesse
os USA, deve ser analisada cum granus
salis, com máxima parcimônia em
fator multiplicador pelos que procuram a verdade real e não se contentam com a Hollywoodiana. É nesta esteira, das grandes produções do passado, é que o terror islâmico aplica a lógica dos filmes de bang-bang oferecendo recompensas ao colocar cabeças a prêmio, "PROCURA-SE!
Mustafá Abu Shagur, acaba de ser
eleito mediante assembleia nacional ficando a frente apenas dois votos de seu
opositor, líder da aliança dos liberais. Terá a atribuição de formar o próximo
governo de transição da Líbia que sucederá Al-Kibe. Abu Shagur era um opositor
de Kadhafi, que se exilou na década de 80 nos EUA e por lá estudou.
Para dar fim a esta pequena
jornada, algo sensivelmente tormentoso que literalmente não quer calar: Quais
seriam os limites do direito de liberdade de expressão? Este já se revela de
difícil delimitação no âmbito interno de um Estado. Se formos considera-lo na
relação entre distintas soberanias, as dificuldades se multiplicam, pois cada cultura
possui seu limite tolerável pré-estabelecido. Se faticamente considerado entre
países de culturas e religiões díspares, como se apercebe entre países laicos e
confessionais ortodoxos, um consenso parece ser algo que vai além da utopia,
aproximando-se da inviabilidade. E como fazer? Como respeitar-se os sentidos mais
ortodoxos restringindo liberdades aos que constitucionalmente conferem a
liberdade de expressão de forma ampla e irrestrita como base democrática? Não
sei se a simples aplicação do princípio orientador da razoabilidade de forma
casuística será capaz de colmatar uma lacuna sem início e fim delimitáveis...
Difícil compreender que o
paradigma comportamental global de liberdades quando houver o envolvimento de
alguma ortodoxia unilateral possa ter por base o claustrofóbico islamismo. Como
aceitar que a violência extremista do terror Islâmico cale as liberdades de
expressão das democracias? As democracias devem punir os excessos, mas jamais
impelindo um gritante silêncio de vozes e manifestações, sob pena de não estar
se tratando mais de democracia. A "islamofobia" pode gerar restrições a plena democracia?
A reflexão se faz imperiosa.
Sem mais.
2 comentários:
Caro,
Um competentíssimo desenho dessa problemática. Onde mais você escreve? Realmente sua forma de escrever e o conteúdo apresentado no seu blog é empolgante e raríssimo de se ver mesmo nas grandes mídias, se é que já vi. Meus parabéns e aplausos pela qualidade.
Sou historiador e um leitor compulsivo, por isso me sinto bem leal com essa constatação.
Muito bom! Nada a acrescentar... Bela aula.
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