03 outubro, 2012

O JULGAMENTO DO NÚCLEO POLÍTICO DO MENSALÃO DESNUDARÁ O QUE É O BRASIL. O BRASIL MOSTRARÁ SUA CARA!

O julgamento do núcleo político do mensalão trará a mensagem que a mais alta Corte do judiciário deste país enviará a sociedade. A ética no trato com a coisa pública estará tendo seu julgamento no plano da validade dentro do ordenamento nesta fatia do julgamento do mensalão.
Corrupção existe desde que o homem aprendeu a linguagem em seu grau mais primitivo como o gestual. Quando a política viu-se inserida no meio social ela já apresentou-se com uma estrutura parcialmente corrompida e carcomida, como uma extensão da personalidade de seus conducentes, uma fatia podre da laranja que deveria ser severamente combatida para que a fatia não contaminasse o todo. Este núcleo político do mensalão inovou sob a batuta de Lula da Silva. Orquestrou-se o mais ambicioso golpe ideológico como nunca visto antes na história “dessepaiz”. A corrupção deixou de ter a característica da excepcionalidade alcançando o patamar de regra, servindo inusitadamente como fundamento ideológico de defesa.
A ideologia bolivariana do “Foro de São Paulo”, que nos demais países latinos adentrou sem pedir licença, na clássica forma ditatorial da esquerda de governar pela força com o supedâneo do populismo, no Brasil, país de uma Constituição forte e cidadã, de características republicana e democrática, audaciosamente viu-se impelida a sofisticar seu “excuse me”, já que o “pé na porta” não lograria o efeito desejado.
A corrupção foi alçada ao grau de ideologia “como nunca visto na história mundial”, mantendo-se o alicerce do populismo bolivariano como forma de se equilibrar em uma legitimidade que se alicerça da ignorância da sociedade, procurou descontruir às três funções de poder concebidas por Montesquieu a partir da anulação de uma delas. A Função Executiva, contando com a elasticidade ética da Função Legislativa, ousou anula-la a partir da compra da autonomia e da independência de parcela dos membros que a compõe. Procurou-se nulificar parcela de nossa conquistada democracia, ainda recalcitrante, para formação de uma só opinião compactuante com os ideais bolivarianos de absolutistas de governo.
A corrupção não foi uma criação do Partido dos Trabalhadores, mas sua condição de pensamento ideológico devemos conferir-lhe os créditos. Maquiavel já havia buscado nos primórdios este intento por suas obras dirigidas aos déspotas do século passado, mas foi Lula e seus três Mosqueteiros que estarão sob o crivo do plenário do Supremo, que ousaram implementar esta ideologia em um país continental, que possui como núcleo duro de sua Constituição os princípios republicano e democrático como valores principiológicos intocáveis.
Uma metodologia ideológica de corromper com dinheiro público a função legislativa e tornar irrelevante toda uma democracia com a criação de um “congresso B” de ovelhas imprestáveis é algo genial, não tão genial como se considerarmos que o orquestrador deste engenho foi um analfabeto funcional, quebrando qualquer espécie de paradigma ou estereótipo que ligue necessariamente a inteligência ao estudo, a cultura.
Descoberto a partir de uma ovelha da qual se descurou e acabou por desgarrar-se do rebanho, a corrupção como ideologia passou a também procurar o albergue da outra função de poder brilhantemente traçada por Montesquieu, o alvo passou a ser também a função jurisdicional, corrupção não apenas ou necessariamente financeira, mas a partir do tráfico de influência e da troca de favores. Esta (função jurisdicional) com uma ética necessariamente bem menos elastecida, caldada na defesa da ordem jurídica, que, em tese, não deveria se distanciar minimamente da ética, na linha do pensamento de Hegel, está sob julgamento, ocasião em que a “pena de morte” pode ser a decisão plenária do Supremo Tribunal Federal, ainda que em grau figurativo.
Julgar-se-á a ética se institucionalizada ou não em um país, julgar-se-á a ética da maior Corte da função jurisdicional deste país, julgar-se-á a higidez de um ordenamento e sua aplicabilidade independente de castas, segundo o princípio constitucionalizado da igualdade formal, julgar-se-á as possibilidades futuras de um país que ostenta desde a sua criação o status de promessa, mas que poderá envelhecer e falecer prometendo o que jamais conseguiu cumprir, julgar-se-á a dignidade de um país perante toda uma sociedade, ou melhor, perante todo o mundo.
Dos Três Mosqueteiros do “núcleo político”, alguns dos ministros pegarão Delúbio como “bois de piranha” para a salvação dos “Zés”, os reais homens fortes do mensalão entre os que foram denunciados... Que assim pense apenas a óbvia minoria e que não haja surpresas...
Sem mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sarmento,


Seus textos são de uma sofisticação de dar inveja (em seu melhor sentido). Vejo tantos colunistas famosos escrevendo o obvio sem brilho, que me refaço lendo seus artigos cultos e inteligentíssimos.


Bjs
Sophia