Corrupção existe desde que o
homem aprendeu a linguagem em seu grau mais primitivo como o gestual. Quando a
política viu-se inserida no meio social ela já apresentou-se com uma estrutura
parcialmente corrompida e carcomida, como uma extensão da personalidade de seus
conducentes, uma fatia podre da laranja que deveria ser severamente combatida para
que a fatia não contaminasse o todo. Este núcleo político do mensalão inovou sob
a batuta de Lula da Silva. Orquestrou-se o mais ambicioso golpe ideológico como
nunca visto antes na história “dessepaiz”. A corrupção deixou de ter a
característica da excepcionalidade alcançando o patamar de regra, servindo
inusitadamente como fundamento ideológico de defesa.
A ideologia bolivariana do “Foro
de São Paulo”, que nos demais países latinos adentrou sem pedir licença, na
clássica forma ditatorial da esquerda de governar pela força com o supedâneo do
populismo, no Brasil, país de uma Constituição forte e cidadã, de
características republicana e democrática, audaciosamente viu-se impelida a
sofisticar seu “excuse me”, já que o “pé na porta” não lograria o efeito
desejado.
A corrupção foi alçada ao grau de
ideologia “como nunca visto na história mundial”, mantendo-se o alicerce do
populismo bolivariano como forma de se equilibrar em uma legitimidade que se
alicerça da ignorância da sociedade, procurou descontruir às três funções de
poder concebidas por Montesquieu a partir da anulação de uma delas. A Função
Executiva, contando com a elasticidade ética da Função Legislativa, ousou
anula-la a partir da compra da autonomia e da independência de parcela dos
membros que a compõe. Procurou-se nulificar parcela de nossa conquistada
democracia, ainda recalcitrante, para formação de uma só opinião compactuante com
os ideais bolivarianos de absolutistas de governo.
A corrupção não foi uma criação
do Partido dos Trabalhadores, mas sua condição de pensamento ideológico devemos
conferir-lhe os créditos. Maquiavel já havia buscado nos primórdios este
intento por suas obras dirigidas aos déspotas do século passado, mas foi Lula e
seus três Mosqueteiros que estarão sob o crivo do plenário do Supremo, que
ousaram implementar esta ideologia em um país continental, que possui como
núcleo duro de sua Constituição os princípios republicano e democrático como
valores principiológicos intocáveis.
Uma metodologia ideológica de
corromper com dinheiro público a função legislativa e tornar irrelevante toda
uma democracia com a criação de um “congresso B” de ovelhas imprestáveis é algo
genial, não tão genial como se considerarmos que o orquestrador deste engenho foi
um analfabeto funcional, quebrando qualquer espécie de paradigma ou estereótipo
que ligue necessariamente a inteligência ao estudo, a cultura.
Descoberto a partir de uma ovelha
da qual se descurou e acabou por desgarrar-se do rebanho, a corrupção como
ideologia passou a também procurar o albergue da outra função de poder
brilhantemente traçada por Montesquieu, o alvo passou a ser também a função
jurisdicional, corrupção não apenas ou necessariamente financeira, mas a partir
do tráfico de influência e da troca de favores. Esta (função jurisdicional) com
uma ética necessariamente bem menos elastecida, caldada na defesa da ordem
jurídica, que, em tese, não deveria se distanciar minimamente da ética, na
linha do pensamento de Hegel, está sob julgamento, ocasião em que a “pena de
morte” pode ser a decisão plenária do Supremo Tribunal Federal, ainda que em
grau figurativo.
Julgar-se-á a ética se
institucionalizada ou não em um país, julgar-se-á a ética da maior Corte da
função jurisdicional deste país, julgar-se-á a higidez de um ordenamento e sua
aplicabilidade independente de castas, segundo o princípio constitucionalizado
da igualdade formal, julgar-se-á as possibilidades futuras de um país que
ostenta desde a sua criação o status
de promessa, mas que poderá envelhecer e falecer prometendo o que jamais
conseguiu cumprir, julgar-se-á a dignidade de um país perante toda uma
sociedade, ou melhor, perante todo o mundo.
Dos Três Mosqueteiros do “núcleo
político”, alguns dos ministros pegarão Delúbio como “bois de piranha” para a
salvação dos “Zés”, os reais homens fortes do mensalão entre os que foram
denunciados... Que assim pense apenas a óbvia minoria e que não haja
surpresas...
Sem mais.
Um comentário:
Sarmento,
Seus textos são de uma sofisticação de dar inveja (em seu melhor sentido). Vejo tantos colunistas famosos escrevendo o obvio sem brilho, que me refaço lendo seus artigos cultos e inteligentíssimos.
Bjs
Sophia
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